" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

16
Mar 06
"... Meu pensamento voando
nesta noite fina assim
vai fugindo da cidade
desgarra sertão afora
pra vigiar bem de perto
o doce sono sossegado
dum brasileiro calado!

Te beijo de leve nos olhos
te beijo de leve na face
te beijo o cabelo inteirinho
te beijo no coração...

Brasileiro sossegado
dorme teu sono calado..."

(Toadas pra meu irmão - Pedro Nava)
publicado por Adelina Braglia às 21:52

" Os governos mudam, mas as práticas são as mesmas. Uma delas, o aumento expressivo de investimentos em ano eleitoral. Neste ano, mesmo sem a aprovação do Orçamento Geral da União de 2006, o governo federal já pagou, até o dia 14 de março, R$ 1,6 bilhão de investimentos, valor 51% superior ao gasto efetuado em todo o primeiro trimestre de 2005.
A estratégia orçamentária e política de acelerar os investimentos em ano eleitoral não é nova. Em 2002, o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso desembolsou R$ 1.804,9 milhões no primeiro trimestre, valor este 34% maior do que o pago no mesmo período em 2001."

(http://contasabertas.uol.com.br/noticias/detalhes_noticias.asp?auto=1339)
publicado por Adelina Braglia às 21:37

"CARTA ÁCIDA

Opus Dei? Não: TFP

Pairava ainda alguma dúvida sobre o governador de São Paulo pertencer, de coração e mente, à Opus Dei? Ele respondeu: o seu agora auto-propalado gosto de chuchu disfarça o travo da TFP...

Flávio Aguiar

O começo de campanha de Geraldo Alckmin, já candidato único do PSDB, não podia ser mais revelador: em Campinas, saiu em defesa da Tradição, da Família (bases da Pátria, com os Costumes e a Religião) e da Propriedade (ao atacar uma suposta complacência de Lula para com o MST, pois lhe faltaria a Autoridade). Pairava ainda alguma dúvida sobre o governador de S. Paulo pertencer, de coração e mente, à Opus Dei? Ele respondeu: o seu agora auto-propalado gosto de chuchu disfarça o travo da TFP...

O apelido de “picolé de chuchu” descreve bem a fachada de Alkmin; mas na verdade ele se revelou um combatente tenaz, algo feroz, e de direita. Todas as conversas extra-oficiais e as carrancas dos envolvidos mostravam que a luta interna, no PSDB, entre serristas e alckmistas, assistidas a cavaleiro por um sorridente Aécio, foi dos mais violentos embates de bastidor que já houve na política brasileira.

Para a torcida, mostravam-se cenas olímpicas de uma luta elegante: a “Ceia dos Cardeais” (nome de uma peça que foi famosa no Brasil e em Portugal, nos idos de 20) no Massimo, um “Breakfast at Tiffany’s”(nome de um filme famoso, com Audrey Hepburn, “Bonequinha de Luxo”), no Palácio dos Bandeirantes. Mas nos bastidores, era a luta armada, o vale tudo: teve golpe de karatê, dedo enfiado no olho, pescoção, carrinho, tesourada, do gogó para baixo tudo era canela.

O acalorado da disputa é muito significativo. Nada de projetos para o Brasil, políticas alternativas, sejam mais à direita ou mais à esquerda, ou coisas de tal naipe, estavam em discussão. O que importava mesmo era simplesmente o controle da máquina partidária, para o presente e para o futuro, e a ocupação do espaço de candidato.

Enquanto a luta se acirrava atrás do palco, na imprensa conservadora choviam artigos propalando que não tinha sentido cobrar de Serra a promessa feita de permanecer na prefeitura até o fim do mandato (embora uma pesquisa indicasse que 67% do eleitorado paulistano preferisse o cumprimento da palavra).

Para o colégio dos cardeais tucanos, também pouco importava a palavra empenhada com os eleitores, pois Serra parecia ser o único candidato da gaiola para bater o que, durante algum tempo, se julgou ser o arrasado Lula. Mas... ocorre que, além de empenhar a palavra com a plebe e a aristocracia paulistanas, o prefeito empenhara a palavra... com Alckmin, que ajudou sim Serra a se eleger. E o colégio cardinalício também empenhara a palavra com Alckmin: na troca de favores, este apoiaria com tudo Serra para este chegar à prefeitura, mas em 2006, seria a vez dele.

Lembram-se, leitores e leitoras, daqueles gigantescos engarrafamentos no segundo semestre de 2004, logo antes das eleições paulistanas e logo depois das inaugurações das obras viárias da gestão de Marta Suplicy? Pois é, naqueles momentos cruciais lá estava a PM, de controle estadual, fazendo batidas e mais batidas nas marginais, numa situação crônica em que se sabe que basta haver um caminhão com pneu furado no acesso a uma das pontes que atravessam o Tietê ou o Pinheiros, para que o trânsito em São Paulo simplesmente congele.

Alckmin resolveu cobrar a conta, de tudo e de todos. Então, quando Lula parecia imbatível, o candidato podia ser ele, pois era mesmo para perder? E agora, em que havia (e ainda há, é bom não esquecer, porque eleição só se decide quando os últimos votos são registrados) chance de ganhar, o candidato seria outro? Ah, não: o chuchu resolveu sair da cerca e pôr-se a campo e ganhar o prometido pódio partidário que agora ameaçavam lhe roubar.

O notável nesta história tão “edificante” é que Alckmin e sua “República de Pindamonhangaba” conseguiram não só enquadrar Serra, como conseguiram roubar a cena ao colégio de cardeais que, normalmente, deveria ocupar o espaço decisório no emplumado imaginário tucano. Serra e os serristas lançavam cantos de sereio em direção à esquerda, conseguindo adeptos, inclusive entre remanescentes do finado (ma non troppo...) Partidão e entre ex-combatentes da antiga AP cristã e suas raízes nas JUC’s e JEC’s de antanho. Alckmin aferrou-se aos controladores de votos tucanos – deputados federais ou estaduais, estes em S. Paulo, governadores.

Também contou com o apoio do tucanato que faz parte das máquinas de Estado, tanto em S. Paulo, como ainda na administração federal, ou entre aqueles que são representantes de classe e que têm de interagir com freqüência com o Estado. Banqueiros, individualmente, podiam até preferir Palocci à incógnita sobre quem seria o ministro de Serra, ainda mais depois que aves migratórias da esquerda começaram a arribar no ninho do tucano. Mas os representantes de classe dos banqueiros sempre preferiram solidamente Alckmin a qualquer outra opção.

De “pragmático”, que no jargão conservador quer dizer “descolorido ideologicamente”, Alckmin não teve alternativa senão mostrar a penugem de direita escarrada, agora mais visível que plumas em desfile de Carnaval.
E assim irá, pelo menos de momento, sua candidatura, juntando retórica ultramontana com promessas de austeridade onde se misturam palavras de ordem da finada UDN com princípios neo-liberais de minimalização do Estado. Depois, é provável que haja acenos de políticas sociais compensatórias e que serão marcadas pelo discurso da “eficiência”.

No plano internacional ainda não sabe o que prometerá uma candidatura Alckmin, mas se sabe o que significará uma presidência tucana nessa altura do campeonato: a desarticulação da frente política de centro-esquerda na América do Sul, a abertura completa de espaço para os tratados de livre comércio bilaterais com que os Estados Unidos vêm tentando se contrapor a essa frente, a formação de um eixo maligno Brasília – Bogotá – Washington para emparedar (pelo menos) Hugo Chávez na Venezuela.

Entrementes, os alckmistas prosseguem na sua política de emparedamento local. Não parecem muito dispostos a abrir espaço para uma candidatura de Serra ao governo do estado de S. Paulo, apesar das evidências de ser ele o melhor candidato tucano nas pesquisas (embora reste ainda o problema, menor em nível estadual, da quebra da palavra quanto à prefeitura). Alckmin e sua república, diferentemente de Serra e seu ninho, têm uma visão de longo prazo quanto ao controle férreo da máquina e dos espaços do partido, e além dos compromissos de favor entre uns e outros, sabem, por instinto, que deixar num momento eleitoral os dois maiores orçamentos do país (os do estado e da cidade de S. Paulo) nas mãos do aliado/rival PFL pode ser muito perigoso para seu futuro.

Neste tão complexo quão interessante enredo partidário, resta saber o que farão os viúvos de Serra, tanto no plano interno do PSDB quanto no externo, o daqueles que prestaram juramento precipitado a ele, mas não ao tucanato como um todo, muito menos o de Alckmin.

Felizmente a vida continua cheia de surpresas. De certo, neste momento de incertezas, só se sabe que continuará, no curto prazo, a defesa acendrada da Tradição, da Família e da Propriedade pelo recém ungido candidato da direita brasileira.

Flávio Aguiar é professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP) e editor da TV Carta Maior."

(http://cartamaior.uol.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=2986)

publicado por Adelina Braglia às 21:31

Morreu Josué Montello. Melhorei minha vã consciência sobre a escravatura no Brasil, quando li Os tambores do Maranhão, há tanto tempo que eu ainda tinha esperanças!

Em sua homenagem, transcrevo Gregório de Matos:


"Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E a maior desta loucura?... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu
Que não sabe que o perdeu
Negócio, ambição, usura.

Quem são seus doces objetos?... Pretos.
Tem outros bens mais maciços?... Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos?... Mulatos.

Dou ao demo os insensatos,
Dou ao demo a gente asnal,
Que estima por cabedal
Pretos, mestiços, mulatos."

(poema retirado do texto  A trajetória do negro na literatura brasileira, de Domício Proença Filho)

publicado por Adelina Braglia às 06:58

Lula dispara nas diversas pesquisas. Alckmin está definido como o candidato do PSDB (salvo qualquer pequena mudança ao longo do caminho, como sói à conhecida "determinação" dos tucanos....risos...), Garotinho despenca e Roberto Freire nem é cotado. Se esse for o ritmo, poderei cumprir meu principal desejo em relação ao meu voto em outubro: será, patrioticamente, anulado.

Interessante é obervar a informação adicional: uma proporção maior dos que preferem Lula querem mudanças profundas na economia, o que não me parece contraditório. Isso sugere que acreditam que essa mudança poderá ser feita no segundo governo Lula. Somadas as proporções - sim, eu sei que "estatisticamente" isso não é correto - dos que querem a manutenção da atual política à dos que não sabem o que querem, temos a exata proporção dos que preferem Alckmin.

Mais lógico do que isso, só a certeza de que o sol nasce todos os dias, mesmo quando não rompe as nuvens.

Bom dia!

publicado por Adelina Braglia às 06:42

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