" Sistema educacional é incapaz de reduzir as desigualdades entre negros e brancos
O estudo, de Sergei Soares e Rafael Guerreiro Osório, está no livro Os mecanismos de discriminação racial nas escolas brasileiras e investiga os fatores que geram as diferenças educacionais entre negros e brancos com uma nova abordagem. Eles acompanham a trajetória escolar dos que nasceram em 1980 e entraram na escola por volta de 1987. Essa espécie de documentário permite ver que em 1987 a proporção de negros que ainda não sabiam ler e escrever era maior que a dos brancos. O texto diz ainda que a razão entre a chance de um negro não saber ler e escrever e a de um branco, que é de 3,2 em 1987, vai crescendo e chega a 4,6 em 1992.
O impacto do trabalho precoce também é importante para a análise das desigualdades. Os números mostram que no início da trajetória educacional, entre 1992 e 1995, a conjunção do trabalho com o estudo atingia mais os negros que os brancos. A diferença só se reduz a partir de 1996, e se inverte em 2001. Segundo os autores, uma interpretação possível é a de que o trabalho infantil atinge mais os negros e a maior estabilidade das trajetórias educacionais dos brancos favorece seu ingresso no mercado de trabalho no início da fase adulta da vida.
No final da trajetória educacional, os membros do grupo analisado estão com 23 anos e os dados são os de 2003, que mostram que 5% dos brancos haviam completado o ensino superior, enquanto apenas 1% dos negros estavam na mesma situação. Ou seja, a chance de se encontrar um branco nascido em 1980 que em 2003 tinha concluído um curso superior era cinco vezes maior que a de se encontrar um negro.
Essas e outras constatações estão no livro Os mecanismos de discriminação racial nas escolas brasileiras</a>."