" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

25
Jan 06

Acho que uma analista de meia-pataca como eu  é capaz de enxergar coisas mais interessantes na pesquisa do IBOPE do que aquilo que a nossa imprensa  “isenta” destacou. Lembremos que o destaque foi o empate técnico de Serra e Lula num segundo turno, com ligeira vantagem para José Serra. Mas, verificando a apresentação completa da pesquisa (www.ibope.com.br), a distribuição das intenções de voto por faixa de renda dá indícios interessantes, e que passaram “batidos” na tal grande imprensa escrita, falada, televisada e o escambau!

 

A primeira coisa que chama a atenção é que a distribuição da amostra do IBOPE  segundo renda em salários mínimos, se é bastante semelhante a do IBGE (dados da PNAD, 2004) para a faixa de 1 a 2 salários (29,5% e 28,5%, respectivamente), apresenta, nas faixas de renda mais elevadas, diferenças enormes: 31,2% e 21%, para 2 a 5 salários, 12,% e 6,6%, de 5 a 10 e 4,8% e 3,7% para quem ganha mais de 10 salários mínimos ( a primeira proporção é sempre a do IBOPE). Destaco que nas faixas de renda mais baixas as diferenças entre Serra e Lula são menores do que nas mais elevadas, e Lula ganha de José Serra (45% e 41%).

 


Suponho que os dados não sejam absolutamente comparáveis, pois o IBOPE apresenta renda familiar, e o IBGE apresenta a renda individual (daí a informação do IBGE de uma proporção de 11,2% de brasileiros sem rendimentos que o IBOPE possivelmente “embute” na faixa de renda familiar até 1 salário) mas, a realidade brasileira me permite supor também que indivíduos com renda entre 2 a 5 salários mínimos, por exemplo, não pertençam a famílias com renda média muito diversa disso. O que me intriga é que é exatamente nessa faixa onde a proporção difere muito entre os dois institutos (mais de 2 até 10 salários) que José Serra “bate” Lula.

 

Sei, eu sei que é provável que nesse segmento estejam os mais descontentes, a classe média brasileira - que nem sequer entende que não é mais média há 3 décadas, mas insiste em manter o estatus  - mas, se esse segmento está sobrevalorizado na amostra e se a imprensa divulga apenas a média  dos resultados de cada pergunta, posso supor que essa média ( Serra 45% e Lula 42%) esteja “levemente” distorcida...

 


Ou, além da incompetência estatística que tenho,  isso é só má vontade ou mau humor de quem está com insônia.....Aceito esclarecimentos.

publicado por Adelina Braglia às 04:21

23
Jan 06

height=360 alt=imagemdedomingo.jpg src="http://travessia.blogs.sapo.pt/arquivo/imagemdedomingo.jpg" width=322 border=0>

class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">Se eu pisar nas folhas das mangueiras
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">que se esparramam pelo chão de Belém
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">depois da chuva,
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">meus pés não carregarão a seiva, nem o fruto.
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">  prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">Se eu andar sob o sol escaldante após a chuva,
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">e caminhar pelo cais,
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">e olhar os barcos carregados de paneiros,
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">não levarei na boca o gosto do açaí.
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"> class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">Se eu olhar seus olhos na fotografia,
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">e imaginar o que eu quero ouvir,
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">e brincar de adivinhar o seu desejo,
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">ainda assim não terei você aqui comigo.
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt"> class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">Se eu dormir agora, e não sonhar,
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">se eu acordar amanhã e me esquecer,
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">cante de novo a música que fala dessa impossibilidade
class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">construída apesar de nós.

 

publicado por Adelina Braglia às 00:22

22
Jan 06

 Se um dia eu acordar valente,

e Rocinante, finalmente, me derrubar,

vou ver que os moinhos não são de vento:

são de terra, areia e mar.

Vou reescrever minha vida,

indo buscar as mangas cheirosas da  infância

da casa da minha avó,

e os seus doces da mamão,

e a malhadeira de meu pai,

e o pão caseiro da tia,

e os gnocchis da minha mãe,

e atiro-os todos ao ar!

Livro-me de gostos e cheiros,

abando essa melancolia - e esse enorme prazer! -

de olhar pra traz.

 

Se um dia eu acordar valente,

faço várias parcerias

nas letras que tanto gosto!

Começo roubando Gil,

pra me convencer a só ser.

Junto-me a Cazuza, e grito:

eu preciso dizer que te amo...tanto!

Desculpo-me com meus filhos,

e os da sua geração, surrupiando Ivan Lins:

  “perdoem a falta de ar...”

E vou-me embora pra Pasárgada,

seguindo Manuel Bandeira,

pra ter o amor que quero,

na cama que escolherei!

publicado por Adelina Braglia às 08:54

20
Jan 06

Com 30 anos de vínculo com a luta pela reforma agrária, nos seus desdobramentos entre e pós-ditadura, nunca apoiei a política agrária do meu país. As diversas instituições - GETAT, GEBAM, SPU, INCRA - jamais mereceram meu aval, haja vista que a concentração fundiária cresce década após década e governo após governo. Mas, hoje pela manhã, ao ler no noticiário on-line da NOMINIMO a nota que abaixo transcrevo parcialmente,  ainda nada tenho a elogiar, no que se refere a política agrária. Mas, reconheço o mérito dessa decisão que aponta para o desmonte de séculos de entulho discriminatório. E, bem graúdo, finalizo: viva o INCRA!


" Há cerca de sete meses, quando o governo liberou a terra para a formação do assentamento dos sem-terra e as centenas de famílias acampadas à beira da estrada começaram a discutir a divisão do terreno, Darci e Dida disseram que desejavam ser assentadas no mesmo lote. Parte dos companheiros sem-terra torceu o nariz, teve gente que duvidou da capacidade delas para tocar uma propriedade rural e os representantes do Incra advertiram, “olha aqui, tudo bem, mas não existem precedentes legais para esse arranjo, não vai dar...”

Acuadas, as duas chegaram a propor que lhes fosse dado um lote menor, o chamado pararural, oferecido a pessoas solteiras ou a idosos sem filhos – desde que o nome das duas figurasse no papel. A insistência, até mesmo com a perda de parte de seus direitos, já que tinham enfrentado todas as agruras de um acampamento ao lado dos companheiros, tinha um motivo: elas viam no tal papel o coroamento de uma luta que travaram durante quatro anos. Desde que se conheceram no acampamento Nova Canudos, mantido pelo Movimento dos Sem-Terra (MST), na mesma região onde hoje fica o assentamento denominado Zumbi dos Palmares.

Darci tinha acabado de chegar de Lençóis Paulista, acompanhando o marido desempregado e puxando quatro filhos pela mão. Dida já estava acampada havia dois anos. As experiências delas na área afetiva eram completamente diferentes. Dida reconheceu seu desejo por pessoas do mesmo sexo quando tinha apenas doze anos (“se a gente brincava de casinha, eu queria ser o pai”) e insistiu nele, apesar das surras da mãe, evangélica da Assembléia de Deus, e das gozações do irmão mais velho, que a chamava sarcasticamente de João. Mas Darci, que casou aos 16 anos com o primeiro namorado firme que teve na vida, jamais tinha pensado na possibilidade de se relacionar com outra mulher: “Nunca tinha mexido com esse bicho. Mas quando a Dida deu em cima de mim e eu experimentei o carinho de mulher...”

Um ano depois de se conhecerem, Darci decidiu abandonar o marido para viver com Dida. A notícia desabou sobre o acampamento como um terremoto. “Teve uma revolta aqui”, ela conta. Não aceitaram. Pensei até que ia ser expulsa. Meu ex-marido me ameaçou, os amigos dele não falaram mais comigo e chegou uma hora que pensei: é só eu, a Dida e Deus. Contra o mundo.”

Dida recorda que o ex-marido da companheira ficou tão furioso que ameaçou cortar a cabeça de Darci e pendurar na cerca, para servir de exemplo. “Acho que a raiva não seria tão grande se ela tivesse ficado com outro homem.”

Foram necessárias reuniões de emergência para conter os sem-terra e acalmar o marido, que não cometeu nenhuma violência física, mas foi à Justiça e obteve a guarda dos quatro filhos. Hoje, passados quatro anos de união, a situação é diferente. As duas mulheres conseguiram o respeito e a admiração dos sem-terra. Dida foi eleita coordenadora do grupo de oito famílias que estão assentadas na área onde elas vivem e quando alguém a chama de João não se incomoda: o apelido virou uma forma carinhosa de tratamento. Por outro lado, o Incra encontrou uma forma legal de fornecer o almejado papel com a dupla assinatura e abriu-lhes a porta para um pequeno pedaço na história das conquistas homossexuais."


http://nominimo.ibest.com.br/
 

publicado por Adelina Braglia às 07:38

18
Jan 06

Fico devendo o presente, as desculpas pela falta ao almoço , mas reforço o beijo e o abraço pelo aniversário.

É bom termos nossos caminhos cruzados, trançados e entrelaçados.

Beijo. 

publicado por Adelina Braglia às 15:55

16
Jan 06
align=center>height=360 alt=Oeirasidh.jpg src="http://travessia.blogs.sapo.pt/arquivo/Oeirasidh.jpg" width=480 border=0>
publicado por Adelina Braglia às 17:32

15
Jan 06
Se te pareço ausente, não creias:
hora a hora minha dor agarra-se aos teus braços,
hora a hora meu desejo revolve teus escombros,
e escorrem dos meus olhos mais promessas.
Não acredites nesse breve sono:
não dês valor maior ao meu silêncio,
e se leres recados numa folha branca,
não creias também: é preciso encostar
teus lábios nos meus lábios para ouvir.

Nem acredites se pensas que te falo
palavras
são meu jeito mais secreto de calar.

(in: A mulher no palco)
publicado por Adelina Braglia às 05:15

14
Jan 06

 

height=360 alt=rutesther.JPG src="http://travessia.blogs.sapo.pt/arquivo/rutesther.JPG" width=480 border=0>

Rutinha dá uma "banana"! Do seu jeito ela celebra a vida, o afeto, a paz!

Benvinda, Rute. Beijo Kátia. Beijo, Wendell.

(Foto: Wendell Gomes)

publicado por Adelina Braglia às 18:45

O filho de um negro pertencente ao alto escalão corre mais riscos de não se manter no mesmo nível de seus pais do que o filho de um branco de origem social semelhante.


 



 


grafico.JPG


Fonte: PNUD. Relatório de desenvolvimento humano. Racismo, pobreza e violência. Brasil, 2005.

publicado por Adelina Braglia às 12:10

13
Jan 06

Quando a alma está asmática,dos pulmões não sai o ar.

Quando uma dor fininha perpassa as costas de um lado ao outro,

eu lembro do anúncio do bonde:

"Veja ilustre passageiro o belo tipo faceiro

que o senhor tem ao seu lado!

E, no entanto, acredite, quase morreu de bronquite,

salvou-o o Rhum Creosotado."

E lembro da minha mãe fazendo chás e mezinhas

por não saber fazer carinhos.

E do pai a atar a rede no centro da nossa sala,

a tecer as malhas finas pro peixe que não pegava,

porque mais lhe valia tecer as malhas de linha,

do que jogá-las na água.

E lembro do corre, corre, nas calçadas da infância,

dos mendigos residentes nas ladeiras da nossa rua.

Cada um chegava à porta como velho conhecido,

lavavam as mãos e os pratos que consigo carregavam.

Ali recebiam água limpa, comida feita na hora,

e o respeito das crianças.

Lembro da festa junina, da dança que não dancei,

porque se partira a sandália!

E o ar, devagarinho, vai saindo dos pulmões,

como se desanuviasse os porões da minha memória.

publicado por Adelina Braglia às 21:57

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