Um governo farsante, uma perspectiva chinfrim de eleições para o próximo ano. Uma oposição medíocre, mesquinha. A receita taí pra consolidar um país pra ser a sombra pálida daquilo que poderia ser uma grande nação.
Eu bem que tentei, muitas vezes, que a minha vidinha transcorresse à par dessas "coisinhas", mas não consegui. Mesmo quando passo dias, semanas, olhando a dor do meu umbigo, ainda assim ouço o ruído vindo de fora. Taí, abaixo, um barulhaço, que me dificulta voltar a dormir:
A forma predominante de dominação ideológica não é mais o ocultamento dos fatos, um estratagema bastante primitivo, usado pelas ditaduras. Hoje, a dominação se faz muito mais pela capacidade de nomear. Mário de Andrade dizia: As pessoas não pensam as coisas, elas pensam os rótulos. Tinha razão. Boa parte do jornalismo econômico contemporâneo, por exemplo, tornou-se uma grosseira arte de rotular.
À lei que define que os recursos públicos devem ser prioritariamente usados para pagar juros ao sistema financeiro, em detrimento de todos os demais gastos do Estado, rotula-se lei de responsabilidade fiscal. À prática de cortar gastos essenciais, para sustentar esses mesmos pagamentos, rotula-se disciplina ou austeridade, necessárias para formar um superávit metafísico (denominado, espertamente, superávit primário). Ao desmonte dos mecanismos de defesa de uma economia periférica e frágil rotula-se abertura. Aos efeitos do desvio de finalidade das contribuições sociais recolhidas pelo Estado, conforme a Constituição, para financiar o sistema de Seguridade Social rotula-se déficit da Previdência. (César Benjamin)
Junte-se a isso a dorzinha inquitante na alma, aquela que nos pega quando estamos frágeis e que poderia chamar-se "virose emotiva" e, pronto! A insônia torna-se quase um prazer, pra dar tempo pra gente se ajeitar pro dia seguinte!
A solução eu já tenho: ouvir música. Leila Pinheiro, Lenine, Billie.
Fui.