Uma parte de mim me quer inteira
como um pedaço que não se partiu.
A outra metade me enjeita, e
não se reconhece nesse espelho.
Metade de mim quer cantar alto,
a outra metade quer dormir.
Uma parte de mim diz cem poemas,
a outra parte quer fingir.
Se eu seguir a porção dissimulada
fica a outra aqui a dizer versos,
insana, quase louca, desconexa,
esperando o aplauso que não vem.
Se vou com a metade que já segue
pro mar de intenções não reveladas,
debato-me em abraços que não bastam
e sonho beijos que jamais terei.