" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

03
Nov 05

Perdida entre a ira e a compaixão,

sei que o que as difere são nuances sutis.

Como as que existem entre os tons das rosas pálidas e das rosas-chá.

E porque é novembro, e ainda é primavera,

posso fechar os olhos e ignorar a neblina,

posso não sentir o frio, posso imaginar perfumes.

Posso até fazer de conta que tudo vai bem.

Como diz Adélia Prado,

“Mulher é desdobrável. Eu sou”.

publicado por Adelina Braglia às 10:04

Podei a roseira no momento certo
e viajei muitos dias,
aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas.
Quando abri a janela, vi-a,
como nunca a vira
constelada,
os botões,
Alguns já com rosa- pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.
Minha dor nas costas,
meu desaponto com os limites do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizam-se
diante do recorrente milagre.
maravilhosas faziam-se
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.
Só porque é setembro



ADÉLIA PRADO


( inserido por «samartaime», Portugal, 03:11:05, 12:34 )
publicado por Adelina Braglia às 08:32

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