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(...) A maravilhosa beleza das corrupções políticas,
deliciosos escândalos financeiros e diplomáticos,
agressões´políticas nas ruas,
e de vez em quando o cometa de um regicídio
que ilumina de prodígio e de fanfarra
os céus usuais e lúcidos da civilização quotidiana!
Notícias desmentidas dos jornais,
artigos políticos insinceramente sinceros,
notícias passez à la-caisse, grandes crimes
- duas colunas deles passando para a segunda página! (...)
Ode triunfal - Álvaro de Campos
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Há dias em que as manhãs deveriam prolongar-se.
Não almoçaríamos, nem diríamos boa tarde.
O entardecer seria cancelado.
Passaríamos do amanhecer à noite total,
sem estrêlas,
só o luar, pra nos lembrar que já era noite.
Um lapso saudável de tempo e de convenções.
O sono também não viria, porque
o dia entrecortado não nos traria cansaço.
Passaríamos do amanhecer à noite densa.
Sem estrêlas, sem cansaço.
À noite em claro não daríamos o nome de insônia.
Nós a chamaríamos de entre-ato.
Uma música que Tetê Spíndola cantou, e com ela venceu um festival a preguiça me impede de precisar essa informação dizia: Caso do acaso bem marcado em cartas de tarô...
Não sei porque acordei com essa música como tema de fundo. Não ouvia a música há muito tempo e não havia como compreende-la , tocando aqui no meu subcomsciente. Lembrei outro verso: meu amor, nosso amor estava escrito nas estrêlas, estava sim...
Ao invés de me apegar a esse verso, preferi pensar no primeiro, no que amanheceu comigo. Cartas de tarô, búzios, cartomantes, mandingas, bençãos, terreiros, templos, igrejas e reconheço que invejo todas as pessoas que têm fé. A racionalidade não responde a todas as angústias. E me irrita escrever esse lugar comum.
Desisto de entender o recado do inconsciente e dou uma "passada" rápida pelo noticiário do dia. Caramba! fazer isso mostra que estou mesmo precisando de fé, seja ela qual for e, quem sabe, meu sábio inconsciente mandou esse recado ao me lembrar das cartas de tarô.
O PT acusa o PSDB de ter iniciado a corrupção e a apropriação das facilidades no poder em benefício próprio, para as suas campanhas. A notinha diz que as antecipações do VISA eram utilizados já em 2001. Então tá. É assim que percorreremos o corredor polonês de um país tripartido entre os cínicos, os perplexos e os desinformados.
Que o PT não inventou a corrupção, qualquer brasileiro medianamente decente sabe.
Que a mídia é volátil apoia quando convém e destrói quando lhe interessa também sabemos, nós, os medianamente decentes.
Que o Congresso nacional é composto por picaretas Luiz Inácio disse isso quando era parlamentar, há cerca de 7 ou 8 anos, e rendeu uma música de sucesso cantada pelo Paralamas e que pour cause não há como convencer a maioria com argumentos éticos e princípios de justiça, também sabíamos.
Que a cooptação seria necessária, também. Afinal, os que hoje posam de heróis da pátria Toninho Neto, Arthur Virgílio e outros mais ou menos medíocres são useiros e vezeiros, até pela carga genética, em locupletar-se no cargo público.
Que o PT brincou na campanha eleitoral assumindo compromissos incompríveis taí, gostei dessa minha invenção! era compreensível, pelo entusiasmo, pelo jogo eleitoral, sempre relativamente desonesto. Mas, agora que as cartas aí estão elas de novo! estão no jogo, o empurra-empurra como argumento, desnuda o partido, desqualifica o governo e empobrece o país.
Pronto! Taí, nesse devaneio, o recado do meu subconsciente: nem cartas no jogo político, nem cartas de tarô pra nos animar. Só não posso crer que essa nossa tragicomédia estivesse escrita nas estrêlas. Talvez seja esse o meu problema: falta-me fé!
Hoje estou mal com tudo.
A única coisa que não me irrita é a música.
Ouço muitas, desde o amanhecer.
Sempre pensei que a história do Brasil poderia escrever-se com a música.
Houve um tempo em que a bossa nova representou o ideal de um Brasil rico, feliz. Juscelino Kubstschek e a industrialização! Assim, havia espaços pra intimismos, podia-se pensar no barquinho, na flor, na garota de Ipanema.
A seguir vieram os anos da má transformação. Janio Quadros e sua loucura. Sua estupidez.
João Goulart e seu sonho revolucionário, típico do pequeno burguês nacionalista. Cheio de amor pelo país. As avaliações erradas do PCB, o racha na esquerda (o primeiro de milionésimos que se seguiram). Os militares e Geraldo Vandré, ...caminhando e cantando e seguindo a canção."
Chico veio logo, primeiro a Banda, onde se via a vida passar na janela. Depois, canções memoráveis que indicavam que o sanatório geral era aqui.
Caetano e Gil são panfletários. Oportunistas. Aproveitaram ondas, e revelaram-se logo a seguir animadores de picadeiros. São bons poetas. Mas, não os prezo e não os incluo na minha história brasileira musicada.
As canções de Paulo César Pinheiro e Eduardo Gudin refletiam também o susto dos jovens de classe média, e marcaram momentos bons. Mordaça. A ponte.
Chico sim, esse continua, sempre atento, acompanhando nossa geração de sonhos e pesadêlos. Apesar dos generais, tínhamos um país que acordava. Nossa cabeça rolando e nós de camisa amarela, ainda esperávamos a luz do sol da democracia, mesmo frágil e tênue, como ainda é.
Novas gerações cresceram desesperançadas. Um país infeliz, escuro e calado marcou suas infãncias. A aids, o desconsolo, a falta de perspectivas, sua adolescência e juventude. Gritaram nas nossas caras a sua perplexidade e a sua dor. Cazuza, Renato Russo. Coincidentemente mortos, jovens, pela aids.
Vieram os axés, as Kelly Keys da vida, bundas e peitos. Silicone e requebrados.
Hoje há músicos, poetas, de uma geração que se resgata. Lenine, Arnaldo Antunes, Zeca Baleiro, Adriana Calcanhoto.
É dela a única música que me serve hoje, intimamente, sem país, sem história e sem memória. Vambora.
Entre por essa porta agora,
e diga que me adora,
você tem meia hora
pra mudar a minha vida...
PS: sei, esqueci um "monte" de bons poetas e músicos. Tudo bem. Ninguém é perfeito!
O rendimento máximo recebido pelos 10% de ocupados mais pobres (R$ 201) permaneceu relativamente estável em setembro (-0,2%), tal como observado nos três meses anteriores. O rendimento mínimo dos 10% de ocupados mais ricos manteve-se inalterado em R$ 2.215. Em relação a setembro do ano anterior, houve declínio de 4,6% do valor máximo recebido pelos 10% de ocupados mais pobres e aumento de 4,2% do valor mínimo recebido pelos 10% mais ricos. http://www.seade.gov.br/pedv98/out05/out2005.pdf
" O mais recente Atlas Racial Brasileiro, elaborado pelo PNUD (Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimento) e pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), revelou que 65% dos pobres e 70% dos que viviam na indigência em 2004 eram negros. Segundo dados do Ministério da Educação, a taxa de analfabetismo entre os negros é de 17,2%, enquanto entre os brancos é de 7,5%. http://www.pt.org.br/site/noticias/noticias_int.asp?cod=40150
Violência de Raça e Gênero - Raquel Souzas "Mas o que é o racismo? Uma gramática social complexa auxilia a compreender o que venha a ser o racismo. Uma trama social extremamente lapidada socialmente faz com que acreditemos que não existe racismo em nosso contexto. Vivemos sob a égide do mito da democracia racial. Os inúmeros quilombos mapeados por todo o Brasil, mostram que a convivência entre senhores e escravos não foi tão cordial assim. Mas mantemos o mito de que vivemos uma democracia racial como sinônimo de brasilidade http://www.koinonia.org.br/tp_detalhes.asp?cod=336#
Os Deserdados do Destino: Construção da Identidade Criminosa Negra no Brasil.
http://www.falapreta.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=41&sid=6
Se o avesso do espelho
me desse a marcha-a-ré do tempo
e lá eu voltasse nele,
mesmo que fosse a nado,
contaria mais estrelas no curso do planetário,
não teria eu vindo tão longe
pra ficar sem abraçar os amigos.
Mudaria minha quase alegria
de trabalhar no que faço
e teria cantado em boates!
Seria uma quase-Maysa,
- sem aqueles olhos lindos -
mas fumaria e beberia
minha tristeza infinda
e minha alegria contida.
Se o avesso do espelho
me desse o retrocesso do tempo,
eu seria nadadora!
Seria esse meu esporte
ao invés de ler poemas!
Naufragaria então
nessas praias com pedrais,
que a gente vê no cinema.
Se o espelho me desse
o retrocesso do tempo
seria mais eu menos ela,
essa personagem que tenho
colada na minha pele.