Um curto passeio ao Brasil que se pensa civilizado e à margem do brasil real. Volto. Breve. Mas, enquanto isso, música, ou melhor, a poesia silenciosa da música sem som. Viva Paulinho! Viva Hermínio!
Amar é um dom, há que saber o tom
e entoar bem certo a melodia.
O povo enxerga a luz de uma voz sincera
e canta com ela em sintonia.
Cantar é uma luz, um enfunar de velas
é compreender a canção como um navio
que vai zarpando, ignorando mapas
tocando as águas que nem harpas
por conta do destino.
Compor, saibam vocês, é mais que um desatino
é esmiuçar a dor, fio a pavio
ofício que deságua o sofrimento.
É escoar-se inteiro como um rio
e eu me ponho a compor feito um cigano
que busca noutra luz seu próprio lume
e me pergunto quem é mais insano
se eu, um rouxinol
se tu, um vaga-lume
Cantoria (Paulinho da Viola - Hermínio Bello de Carvalho)