" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

13
Set 05
Não há céu que me proteja de mim, já sei. Deus, se existir, certamente tem mais do que cuidar, com tantas nocivas maldades cometidas contra o "próximo" pelos lúcidos e normais.

Eu, cá com a minha sensação de que a vida de repente é uma imagem da TV, distante de mim, não causo mal ao mundo. Há até vantagens nessa sensação: o tal distanciamento...risos...

Tenho uma vida boa: dois filhos, que como todas as criaturas desta categoria, despertam em nós o amor total e a fúria total. Tenho meu amor prevalente sobre todo e qualquer outro, construído ao longo de anos e anos de solidariedade e afeto. E muita generosidade, pelo menos do lado de lá. Dali vem o colo, o carinho e a reprimenda que sempre mereço.

Irmãos. Entre nós estabelecemos uma relação dura e terna como sói aos que se amam umbilicalmente. Literalmente.

Há os amigos especiais que andam comigo, onde quer que eu esteja: uns ao alcance da mão, outros a 4 mil quilômetros, mas sempre ao alcance da saudade e de qualquer sussurro meu pedindo por carinho.

Ah! a neta. E, por consequência, a sua transportadora para o meu mundo, a nora. São duas meninas, uma brinca de mãe e a outra de filha. Incorporadas ao meu lado bom, as duas.

Meu trabalho me dá prazer de tal jeito, que através dele invento cumprir minhas esperanças não realizadas do sonho coletivo, e realizo-me hoje no sonho miúdo, de lugar em lugar, de pessoa em pessoa, como se plantasse sementes pra daqui mil anos. Mas gosto do que faço.

E aí? perguntam meus três leitores, entediados, se chegaram até aqui. Não sei.

Farto-me de pensar que os meus privilégios, esses descritos acima, bastam, fosse eu menos presunçosa em relação à expectativa sobre a vida. Mas sou. Presunçosa, arrogante até. Tanto que criei meu santo próprio, Santo Ambrósio - não, não é o que é real, se é que existe um Santo Ambrósio no condomínio dos céus - a quem apelo às vezes, umas brincando e outras pra valer, pra que ele alivie esse meu desconforto de estar no mundo. Ou que normatize essa dor fininha, encaixe-me no escaninho dos egoístas, pra gente conferir se meu problema é culpa.

Pois bem, Santo Ambrósio, mexa-se! O dia está lindo!
publicado por Adelina Braglia às 08:43

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Foto:Maury Bastos

Milla batalhou por esse sorriso maroto e esse olhar traquinas. Acompanhei de longe  sua bravura. Bem vinda, Milla! Beijo, Leilinha. Beijo, Ênio.

 

publicado por Adelina Braglia às 00:03

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