" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

01
Set 05

Há viagens que jamais faremos

desembarcamos em portos e aeroportos

que nos devolvem sempre aos lugares de origem

há destinos impossíveis

que requerem muito mais do que

visto e passaporte

se eu tivesse a omnisciência dos criadores de rotas

visitava-te.

Ademar 30.08.2005


("roubado" do abnoxio2.blogs.sapo.pt)
publicado por Adelina Braglia às 23:09

 Estou farto do lirismo comedido

 Do lirismo bem comportado

 Do lirismo funcionário público com livro de ponto

 expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.

 Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário

 o cunho vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobetudo os barbarismos universais

Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção

 Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador

Político. Raquítico. Sifilítico.

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si esmo

 De resto não é lirismo

Será contabilidade tabela de cosenos secretário do amante exemplar

com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbados

O lirismo difícil e pungente dos bêbados

O lirismo dos clowns de Shakespeare

 Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

(Manuel Bandeira)

publicado por Adelina Braglia às 22:57


“O relatório que será apresentado nesta quinta-feira pelas CPIs dos Correios e do Mensalão confirma a existência do pagamento de mesadas a deputados, seja mensal ou não. Antecipado pelo Jornal Nacional, o documento pede a cassação de 18 deputados por quebra de decoro parlamentar, entre eles, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP), o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) e Roberto Jefferson (PTB-RJ), responsável pela denúncia"

 www.terra.com.br, 01.09.2005.


 Assim, o óbvio aparece. Daqui pra frente, espraia-se a água, que parece, desta vez não servirá apenas para temperar a massa da pizza. Mas não quero que ela nos leve ao vendaval, porque dele, nesse momento, não emergirá nenhuma boa solução. No vendaval, esperam-nos nas margens os Severinos, Sarneys, etc. e tal.

O discurso recorrente do presidente Lula – uma ora é Getúlio, na outra JK, que ele parece ter preferido nas últimas comparações – anima os rincões do país. Ainda confiam nele e acho isso muito natural, vindo de brasileiros totalmente vilipendiados pelos políticos ao longo de décadas e que têm no presidente o vislumbre da solidariedade natural dos iguais na sina e na justa  esperança de superá-la. Mas o nosso presidente precisa também convencer os que votaram e acreditaramnuma experiência democrática, ética e justa de governar, não apenas movidos pela desesperança.

Eu, que nunca acreditei que o PT era “esquerda” não me aborreço nadinha quando ouço os uivos de prazer da elite dizendo:”Bem feito! Viu como não dá certo?” Mas eu, que sempre acreditei que é possível espírito público na função pública, continuo esperando bons motivos pra não desistir de crer que este país recortado de interesses, vilanias e diferenças brutais, possa juntar seus cacos e ser orgulhosamente um país mais justo e trilhando o caminho da igualdade.

É claro que o relatório da CPI pode não ser bem isso que está anunciado, pode também não haver as tais provas, pode ainda não ser nada disso, que a imprensa nacional com sua voracidade e leviandade – sim, há uma exceção, a Carta Capital – transformou o circo real na Roma de Nero.

Eu, por aqui, vou me calar mais uns dias.

publicado por Adelina Braglia às 06:43

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