" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

30
Set 05

height=297 alt=luiza.jpg src="http://travessia.blogs.sapo.pt/arquivo/luiza.jpg" width=395 border=0>

Luíza. São Bernardo, Baião, Pará.

As crianças desvalidas da minha pátria têm, às vezes, esse olhar perdido no futuro que não chega.

As crianças desvalidas da minha pátria vivem o futuro  nos caminhos do mesmo passado dos seus bisavós, avós e pais.

Mas, alguns adultos desvalidos da minha pátria nem sequer olham mais o futuro. O presente é árduo demais e não permite sonhar.

publicado por Adelina Braglia às 08:50

29
Set 05

height=360 alt=P9160021.JPG src="http://travessia.blogs.sapo.pt/arquivo/P9160021.JPG" width=480 border=0> 

Comunidade Quilombola de  São Bernardo - Bailique - Município de Baião - Pará

Há uma lua no céu de São Bernardo e há uma lua nas águas do rio Tocantins. O reflexo daquela na  folha, o brilho desta na água. Luas gêmeas.

 

 

publicado por Adelina Braglia às 22:40

27
Set 05

height=302 alt=tambores.JPG src="http://travessia.blogs.sapo.pt/arquivo/tambores.JPG" width=403 border=0>

(Tambores do samba de cacête - Porto Alegre - Cametá - PA)

 

Há uns olhos quase verdes, quase cinzas

olhando de longe essa minha vida quase furta cor.

Há aqui mãos carinhosas, sorriso aberto, carinho expresso.

Há uma voz solene que fala às minhas costas

coisas que preciso ouvir e cala o que jamais ouvirei.

Piso forte para frente, assobio pelas trilhas,

sento à sombra, e às vezes vacilo.

Há um cajueiro que dá força.

Há um mar que dá saudades.

Há uma cidade às vezes nublada, às vezes luminosa.

Há um coração tripartido e uma cabeça que não pára.

Sou testemunha de mim mesma,

sou meu ataque e minha defesa.

Sou um batuque surdo do som do meu coração.

publicado por Adelina Braglia às 00:24

21
Set 05

Pelo menos um bom resultado já temos: Severino foi-se. Roberto Jefferson já havia ido. Há uma longa fila de espera composta pela camarilha governista e seus aliados na porta da cassação e nós torcemos pra que a fila deles não seja como a do INSS. Que ela lhes seja leve, breve e ágil!

Na verdade, um tempo de reflexão nos permite enxugar os olhos lacrimejantes, controlar a pressão arterial e enxergar que:


Lula não mudou nada na política econômica, mantendo tudo o que o impede de traçar outros rumos para o país; o que me leva a crer que não há golpe contra si mesmo;

Políticas sociais pífias e mal geridas, rotularam milhões como pobres e miseráveis, parecendo que a pobreza é uma força da natureza, tal qual a chuva, haja vista que a mudança esperada no item acima, não ocorreu, o que lembra o velho xará do Presidente, Luiz Gonzaga, que cantava: “mas doutor uma esmola, para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha, ou vicia o cidadão..."

A taxa de juros cresceu cerca de 4 pontos em 1 ano;

A FIESP,  Delfim Neto e os banqueiros, a “esquerda”, a “nova esquerda”, os setores mais conservadores e espúrios do PMDB, liderados por José Sarney e Renan Calheiros, comandam os escaninhos das instituições públicas, isso sem falar no carcomido PTB, nessa farsa chamada PL e, todos juntos, formam a base “aliada” do governo;

Os “adversários” do governo – formalmente agregados no PSDB e no PFL – certamente riem à socapa, pois esse governo contemplou interesses contrários ao do conjunto dos brasileiros, com muito mais eficácia do que os dois governos de FHC, e devorou-se tão rápido que economizou aos adversários estratégias patrióticas pra eleição do ano que vem;

A precariedade dos postos de trabalho, a média salarial rebaixada a níveis de 1985, estão aí, pra quem quiser ver.


Não, não vale a pena alongar a lista. O Governo Lula será, provavelmente, bem cuidado pelos seus aliados e adversários com a morfina que merece, até a triste sucessão que nos couber.


Não, o sonho não acabou. Parece que o que se esgota é um mix de pesadelo e ressaca, do qual já acordei e me curei.

publicado por Adelina Braglia às 23:47

Eu não quero o amor comezinho,

frugal.

Mas isso é confuso,

pois quero o amor que seja tão comum,

que será quase vulgar,

no sentido contrário do amor fugaz.

Eu quero um colo pra deitar,

uma mão pra me acarinhar,

uma boca pra sorrir pra mim,

olhos pra me espiar,

ouvidos pra me ouvir,

tal e qual fazia o lobo mau,

travestido de vovozinha.

publicado por Adelina Braglia às 19:44

19
Set 05
align=center>height=279 alt=P9150005.JPG src="http://travessia.blogs.sapo.pt/arquivo/P9150005.JPG" width=210 border=0>
publicado por Adelina Braglia às 23:16

 

height=265 alt="Mestre Leopoldo.jpg" src="http://travessia.blogs.sapo.pt/arquivo/Mestre Leopoldo.jpg" width=115 border=0>

Se eu soubesse colocar músicas no blog, vocês ouviriam "Pueblo nuevo" (Buena Vista Social Club), embora Mestre Leopoldo - esta maravilhosa figura cuja foto retrata muito mal - não conheça essa música.

Mestre Leopoldo, ou Tio Leopoldo, vai fazer 80 anos e do alto da sua juventude lidera os batedores do samba do cacete de uma das comunidades quilombolas do  município de Cametá, estado do Pará.

Foram 4 dias andando no Brasil real, aquele que sobrevive à incompetência pública e à gãnância privada. Mestre Leopoldo é um dos brasileiros desta realidade comum aos remanescentes de quilombos, para quem a memória da identidade, a certeza do pertencimento a algum lugar, os faz reviver através dos cantos, danças e ladainhas, a sua história, e a memória dos avós e bisavós, iluminando com seus olhos a noite de Porto Alegre, comunidade onde estávamos conversando.

publicado por Adelina Braglia às 23:03

height=360 alt=caminhos.jpg src="http://travessia.blogs.sapo.pt/arquivo/caminhos.jpg" width=480 border=0>

Caminhos na mata. Lindos. Barrancos surgem no meio da estrada estreita. Poético pra quem, como eu, ali vai vez em quando, levar informação e conformar desejos sinceros de vida melhor em ações e programas tão estreitos quanto os caminhos.

Caminhos na mata. Difíceis, sofridos, pra quem vive sempre ali, transitando entre a ingênua consciência do direito e o cansaço da distãncia a percorrer para garanti-lo.

Caminhos. Da alma. Tal qual este. Barrancos atravancam a passagem, mas bem ali à frente, há vida, muita, em cada folha visível e invisível.

publicado por Adelina Braglia às 08:42

13
Set 05
Não há céu que me proteja de mim, já sei. Deus, se existir, certamente tem mais do que cuidar, com tantas nocivas maldades cometidas contra o "próximo" pelos lúcidos e normais.

Eu, cá com a minha sensação de que a vida de repente é uma imagem da TV, distante de mim, não causo mal ao mundo. Há até vantagens nessa sensação: o tal distanciamento...risos...

Tenho uma vida boa: dois filhos, que como todas as criaturas desta categoria, despertam em nós o amor total e a fúria total. Tenho meu amor prevalente sobre todo e qualquer outro, construído ao longo de anos e anos de solidariedade e afeto. E muita generosidade, pelo menos do lado de lá. Dali vem o colo, o carinho e a reprimenda que sempre mereço.

Irmãos. Entre nós estabelecemos uma relação dura e terna como sói aos que se amam umbilicalmente. Literalmente.

Há os amigos especiais que andam comigo, onde quer que eu esteja: uns ao alcance da mão, outros a 4 mil quilômetros, mas sempre ao alcance da saudade e de qualquer sussurro meu pedindo por carinho.

Ah! a neta. E, por consequência, a sua transportadora para o meu mundo, a nora. São duas meninas, uma brinca de mãe e a outra de filha. Incorporadas ao meu lado bom, as duas.

Meu trabalho me dá prazer de tal jeito, que através dele invento cumprir minhas esperanças não realizadas do sonho coletivo, e realizo-me hoje no sonho miúdo, de lugar em lugar, de pessoa em pessoa, como se plantasse sementes pra daqui mil anos. Mas gosto do que faço.

E aí? perguntam meus três leitores, entediados, se chegaram até aqui. Não sei.

Farto-me de pensar que os meus privilégios, esses descritos acima, bastam, fosse eu menos presunçosa em relação à expectativa sobre a vida. Mas sou. Presunçosa, arrogante até. Tanto que criei meu santo próprio, Santo Ambrósio - não, não é o que é real, se é que existe um Santo Ambrósio no condomínio dos céus - a quem apelo às vezes, umas brincando e outras pra valer, pra que ele alivie esse meu desconforto de estar no mundo. Ou que normatize essa dor fininha, encaixe-me no escaninho dos egoístas, pra gente conferir se meu problema é culpa.

Pois bem, Santo Ambrósio, mexa-se! O dia está lindo!
publicado por Adelina Braglia às 08:43

height=322 alt=Millablog.JPG src="http://travessia.blogs.sapo.pt/arquivo/Millablog.JPG" width=241 border=0>

Foto:Maury Bastos

Milla batalhou por esse sorriso maroto e esse olhar traquinas. Acompanhei de longe  sua bravura. Bem vinda, Milla! Beijo, Leilinha. Beijo, Ênio.

 

publicado por Adelina Braglia às 00:03

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