Típica chuva de verão.
As ruas, depois da chuva,
estão inundadas.
Penso no velho dito espanhol:
Hay gobierno? Soy contra!
Às margens plácidas desse rio vivem homens honestos. Se não todos, a maioria. Eu os conheço. E são muitos. Colhem o açaí, lutam diariamente pela sobrevivência. Organizam-se, produzem e avançam na sua representatividade junto ao coletivo. Os diretores da associação são eleitos, cumprem um estatuto e hoje já discutem um regimento para gestão do seu território.Pode ser que alguns já tenham ouvido o pedido de desculpas do Presidente Lula hoje, justificando seu sentimento de ter sido traído, condenando as práticas desonestas e afirmando que se dependesse dele, já teria punido os culpados.
Pergunto-me se os quilombolas acreditaram. Eu não consigo mais acreditar. Consolo-me, em parte, com o meu descrédito, pensando que se tivéssemos um presidente tão ingênuo, incapaz de enxergar, supor ou deduzir e saber como foram pagas as contas de campanha do seu partido, talvez nossa situação fosse ainda pior. Tanta ingenuidade talvez nos tivesse levado ao olho do furacão mais cedo.
Cercado de pulhas, de "pais da pátria, "honestos" e comovidos depoentes, choros e ranger de dentes dos seus apoiadores, um partido esfrangalhado e uma base parlamentar de adversários que riem à socapa das trampolinagens agora expostas, quem sabe o presidente não gostaria de estar por aqui, olhando os açaizais e conversando com esses brasileiros honestos que sabem com clareza como combater e punir os mal feitos de seus companheiros, com o relativo poder que têm.
Fica o convite.