" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

01
Ago 05

Aprendemos desde sempre que o nosso país é formado pela miscigenação das raças. Louvamos a herança negra – a feijoada, o batuque, a afro-religiosidade dos terreiros. Somos condescendentes com  tudo aquilo da herança negra que circunscreve o exotismo ou o folclore. Esquecemos, porém, de contar nos nossos livros de história que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão, que 40.000 negros morreram “apenas” nos navios negreiros, que a nossa escravidão durou oficialmente 352 dos nossos 505 anos de existência.


Esquecemos também de informar que a mão de obra negra foi indispensável na construção da riqueza do Brasil colonial, do Brasil republicano, do Brasil industrial  e deste Brasil chinfrin pós-neo liberal, onde cada vez mais o salário médio do homem e da mulher negra está muito abaixo da média salarial do homem e da mulher branca.


Confundimos, os homens e mulheres de boa vontade, a questão racial com a questão econômica, e acabamos referendando, com nossas “boas intenções”, o mito do Brasil desigual pela renda, mas não-racista.


Assim, contribuímos para que o racismo à brasileira nascesse e fosse cevado com a marca da cordialidade. E nos descobrimos muito mais cruéis do que os grandes irmãos do norte, pois que aqueles, quando aboliram a escravidão, garantiram a cada negro 40 acres de terra e uma mula (não por acaso, o nome da produtora de Spike Lee) e os nossos escravos “libertos” em 1888, receberam a miséria como doação, impedidos que estavam de serem considerados cidadãos, pela Lei de Terras, aprovada 33 anos antes da libertação.


O racismo à brasileira é assim: cruel, disfarçado, hipócrita e “cordial”, alimentado pela teoria da miscigenação. Que é real, concretíssima, num país onde 42% dos brasileiros são pretos ou pardos. Mas, afinal, não somos todos tão irmãos assim....

publicado por Adelina Braglia às 16:11

Os 5,8 milhões de brasileiros brancos com mais de 25 anos têm cinco vezes mais acesso ao ensino superior do que as outras etnias existentes no Brasil. É o que indica o resultado do Censo Demográfico 2000 sobre Educação, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


De acordo com o documento, do total 85,4 milhões de pessoas com 25 anos ou mais, apenas 5,8 milhões (ou 6,8%) têm diplomas de graduação, mestrado ou doutorado. O levantamento registrou um aumento em relação ao número de pessoas com nível superior concluído em relação a 1991, quando a população de mais de 25 anos contabilizava 67,2 milhões, dos quais 3,8 milhões (5,8%) eram graduados ou pós-graduados. Mas ao fazer uma comparação que combinava a escolaridade com a etnia os resultados não são tão positivos.


Os indivíduos considerados amarelos são os que têm maior percentual de nível superior concluído (26,9%). Já os pardos 2,4%), indígenas (2,2%) e negros (2,1%) apresentam taxas cinco vezes menores que a dos brancos (9,9%). (Fonte: Globo on line)

publicado por Adelina Braglia às 13:53

Uma parte de mim é todo mundo:


outra parte é ninguém: fundo sem fundo.


Uma parte de mim é multidão:


outra parte estranheza e solidão.


Uma parte de mim pesa, pondera:


outra parte delira.


Uma parte de mim almoça e janta:


outra parte se espanta.


Uma parte de mim é permanente:


outra parte se sabe de repente.


Uma parte de mim é só vertigem:


outra parte, linguagem.


Traduzir uma parte na outra parte


- que é uma questão de vida ou morte -


será arte?


( Ferreira Gullar)

publicado por Adelina Braglia às 08:22

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