" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

23
Out 07

 

O Afonso voltou. Isso me faz bem.
 
Esclareço a quem me lê comentando alguma coisa no blog dele, que não somos amigos. Não somos. Infelizmente.  Caminhos distantes – geograficamente, inclusive, durante muitos anos – me privaram da chance de conviver com ele e de poder tentar ser amiga do Afonso, honraria que eu carregaria com muito orgulho, do lado esquerdo do peito.
 
Mas, o Afonso Klautau é uma figura que não passa impunemente na frente da gente. Acho que nos encontramos “ao vivo” no máximo dez vezes em 20 e tantos anos. Temos amigos comuns. Por eles fui aprimorando um perfil do AK, que foi ficando mais nítido para além da impressão forte que ele causa na primeira olhada.
 
O Afonso parece um cavaleiro andante e, não por acaso, acho que tem essa sina no nome. Nada magro como Dom Quixote. Os olhos, o andar, a voz, uma engraçada mistura de irritabilidade, melancolia e esperança. E dureza. Aquela, misturada à ternura, que muitos repetem como frase, mas não têm a menor idéia do sentido. Assim desenhei o Afonso nas poucas vezes em que nos encontramos. Assim desenhei na parede dos meus afetos o retrato dele. Sobre ele, a minha presunção de reconhecer pessoas, traçou uma definição: o Afonso é daqueles que a gente ama ou odeia.
 
E Afonso tem a coragem dos bravos. Não sei se ele é bravateiro. Acho que não. Mas, poderia ser: a bravata cabe bem quando emoldura a verdadeira coragem. E quem não tem coragem para enfrentar seus pequenos demônios, não a tem para coisa alguma.
 
Bem vindo, Afonso. Que bom que você foi fundado e resiste.
 
O poema é pra você.
 
“Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo
Teadoro (...)”
(Neologismo - Manuel Bandeira)
publicado por Adelina Braglia às 09:16

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