" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

09
Jun 07

 

 
 
Talvez por esta presunção de ter privilégios numa sociedade injusta, não consegui dar continuidade ao ensino religioso e perdi a minha fé logo no começo desta caminhada.
 
 
Creio que a presunção é responsável também pela desconfiança com que vejo a astrologia, as sinas, os fados e os destinos. Surpreendo-me, no entanto, muitas noites, rezando a oração do Santo Anjo - que Rosa, carinhosamente, ensinou aos meus filhos quando eram pequenos – e faço isto pensando que é o melhor, para protegê-los de mim e do mundo.
 
 
Desprezo a suntuosidade, considero a riqueza, sob suas diversas formas, um roubo – herança, apropriação do trabalho alheio, ou roubo mesmo -  e acredito, como Lulu Santos, que toda  forma de amor vale a pena. Mas isto não faz de mim uma pessoa melhor do que gostaria de ser.
 
 
Desisti de acreditar no futuro que nunca chegou e lembro que éramos muito felizes na década de 50, quando a industrialização parecia vir sanar todos os nossos males e podíamos expor sem remorsos nosso egocentrismo na música popular brasileira, olhando o barquinho e nos ufanando do mar de Copacabana.
 
 
Olho a Bia aqui ao lado e penso que jamais direi a ela desta minha amargura. E porque esta é uma linda tarde de sábado, vamos tomar sorvete, que o tempo dela é curto para tanta alegria.
 
publicado por Adelina Braglia às 15:31

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