" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

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Fev 07

  

Foto: Rosa Almeida 

 

O que somos além de uma "bacia de almas",  presas num cotidiano?

Há almas carregadas por corpos cansados de comer poeira de terra com dono.

Há almas embutidas nos despossuídos e nos "excessivos".

Umas vivem na aridez da seca, outras na cálida fartura do asfalto.

Há almas sutis em corpos perfumados,

há almas brutas em corpos idem.

Mas há os contrários:

almas gentis em mãos calejadas

e  almas vorazes em mãos de cetim.

Há  almas que contemplam a suavidade do por-de-sol

e há as que somente sentem o seu ardor na pele,

sem poder contemplar-lhe a beleza.

Como é que se faz uma oração pelos desvalidos,

como se roga uma praga nos "excessivos",

como se apela  pelos  inocentes?

Dando esmolas no farol,

comprando panos-de-prato nas esquinas,

cedendo o lugar aos mais idosos no metro?

Serei assim uma alma de "primeira classe"?

Daquelas que ocuparão um lugar ao lado do Pai?

Pai.

Só se fosse o meu,

que também era mais uma das almas da bacia,

mas que fazia dela uma circunferência especial.

 

 (*) expressão precisa, usada  num e-mail,  pelo Lúcio Flávio Pinto,

      jornalista paraense, e  alma especial desta bacia.

 

publicado por Adelina Braglia às 18:29

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