Numa das mais movimentadas avenidas de São Paulo,
quase não havia carros transitando hoje.
São Paulo está curtindo seus 453 anos,
aliviada do peso do tráfego intenso,
graças ao feriado do seu aniversário!
Estranha esta minha cidade brega e chic,
violenta e modorrenta,
elitista e democrática.
Meninos se oferecem para lavar parabrisas de carros cujo pneu tem um preço
cujo total não lhes será garantido em 10 anos de trabalho naquilo que fazem!
Homens e mulheres - hoje também são poucos -
passeiam pelos sinais e oferecem flores,
carregadores de celular,
panos-de-prato,
isqueiros, limpadores de parabrisa,
chicletes, bombons.
Passear por São Paulo num dia como hoje,
sem as buzinas infernais,
sem o transito que alucina e desatina,
me permite perceber pequenas flores azuis no canteiro central da avenida Brasil.
São Paulo da cratera do metro,
do sanduíche do Mercado Central,
do Parque do Ibirapuera
e do esganiçado e falso grito do Ipiranga!
São Paulo do mais ativo movimento sindical,
do melhor acesso aos direitos da cidadania, ainda que tão precários,
São Paulo que elege Jânio,
Erundina e Serra, que nada têm de comum entre si,
e que ainda acha Maluf bom porque "rouba, mas faz!"
Um abraço, São Paulo.
Ao te abandonar há tantos anos,
jamais pensei que viria um dia a me apaixonar por ti.