Uma, se sente mal por tantas coisas.
Outra, se sente bem por quase nada.
Uma, chora tanto por tão pouco,
e a outra empareda o coração.
Uma pede colo e se apavora, outra oferece a mão pra conduzir.
Uma olha o mar e pede bóias,
e a outra se põe a nadar mesmo que engasgue.
Uma resiste à poesia concreta, outra tem horror às rimas pobres.
Nisto somos muito parecidas!
Uma me olha de dentro do espelho,
e a outra me ignora se olho de cá pra lá.
Uma pede abraços, outra afasta o corpo.
Uma ri tão fácil, é tão segura!
A outra se encouraça na timidez.
Uma tem coragem e certezas, outra tem medos e vacilações.
Uma mora comigo há tanto tempo,
e a outra às vezes vem me visitar.
Uma vai embora e eu comemoro,
a outra insiste em não me abandonar.