Mais do que a idade, a perda de amigos tem resultado na certeza da morte. Hoje convivo com isto sem medo. Há alguns anos, não convivia. Apenas ignorava essa “hipótese”..rsrs...
Outro dia sentei com meu filho mais velho para lhe dizer que quando eu morresse, gostaria que ele tivesse a certeza de que eu tinha tido uma vida muito, muito boa. A vida me foi generosa. Talvez porque eu tenha feito por merecer - a idade também traz alguma arrogância, reconheço. E a idade às vezes cansa, pelas perdas acumuladas.
Ontem, morreu Mariano Klautau. Não chegamos a ser amigos, na extensão da palavra: não convivemos, não trocamos confidências, salvo uma única, feita por ele, num telefonema há meses, quando declarou sua depressão e desalento, me surpreendendo, pois guardava dele a imagem do homem que jamais seria abatido.
Mariano foi um professor, pra mim. É isso. Vaidoso, rei das suas idiossincrasias, mas generoso na transmissão do que conhecia e experimentara. E foi nessa generosidade que me apoiei em 1986, quando chegávamos ao poder em Marabá, e era preciso abrir o caminho institucional, entupido por anos de governos nomeados por “segurança”, com uma via, por pequena que fosse, de garantia da participação da população no tal poder.
Três conversas com ele aqui em Belém foram decisivas. Se nem tudo correu como devia na criação da Assessoria de Comunidade na Prefeitura de Marabá, foi por erro meu.
Acho que agora Mariano descansa. E conversa muito e conta suas experiências e suas absolutas e maravilhosas verdades aos meus queridos interlocutores Benedicto Monteiro, Sergio Gribel, Sergio Sapucahy, Ronaldo Barata e Juvêncio Arruda.
Até, camaradas. Esta canção é pra vocês.