" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

31
Out 11

 

 

Memória

 

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

 

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

 

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

 

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão

 

 

(Carlos Drummond de Andrade)

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 08:26

 

 

Drummond e Steven Tyler.

 

 

No coments!!!!

 

 

 

 

 
 
 
 
 

 

 

 

 

 Fotos:Agenciaestado.

publicado por Adelina Braglia às 08:05

24
Out 11

Os olhos dela são cor de mel.

Tem 23 anos.

É de Santa Catarina.

Uma menina negra,

magérrima, cabelos bem curtos, quase “de menino”.

 

Ela  abandonou a casa aos treze anos.

Veio para Belém.

Mora nas ruas,

dorme em pedaços de papelão.

Nas noites de chuva, arranja um abrigo por dez reais.

 

Guarda carros nas transversais da classe média.

Briga “como homem” com os concorrentes.

Uma noite encontrei-a com um grande ferimento na testa.

Fruto de uma “divergência” pelo ponto.

 

A última vez que a vi, estava grávida.

Sentamos pra conversar e ela me disse que não ficaria com o filho.

Que a vida dela não servia pra ninguém.

Que o pai duvidava que o filho fosse dele.

 

Hoje me lembrei dela, no almoço.

Minha neta colocou comida em excesso no prato e não foi capaz de comê-la até o fim.

Uma pontada no estômago acompanhou a lembrança.

Uma agonia grande.

Um gosto amrgo na boca.

 

 

publicado por Adelina Braglia às 18:50

Nos momentos de  desesperança, penso firmemente que tudo muda, num espaço-tempo diferente do meu, mas muda. 

 

Mudam as pessoas, os lugares, as circunstâncias, a história, ainda que eu seja o ínfimo agente da sua mudança. E eu tenho a certeza que o sou. 

Porém, uma matéria como essa me abate.

  

Esta e outras e outras e outras. Outro dia, no trajeto para o trabalho, li algumas manchetes  nas capas de revistas: ” A formatura de Sandy”, “A 

primeira semana de mãe de Claúdia Leite”. Das que estavam estrategicamente expostas para atrair o freguês, gravei essas duas.

 

E segui pensando o que significa saber que Sandy  é bacharel em  alguma área ou que Cláudia Leite é mãe. E imaginei que manchetes como 

essas geram apenas duas sensações: inveja e abatimento.

 

Inveja daquilo que é irrealizável para a maioria das adolescentes e jovens que, nas paradas de ônibus onde a maioria das bancas de jornais e  

revistas se instalam, vêem seus sonhos esfumaçar-se na luta pela sobrevivência.  E deduzo que a mesma razão da inveja é a do abatimento!

 

Resultado: afundo cada dia mais a cabeça no trabalho, onde creio que alguma coisa possa fazer a diferença e recuso-me a sair à rua, salvo nas 

idas e vindas do trabalho ou uma pontual visita a amigos queridos..


Há tanta dor lá fora!

 

Há dor nas crianças, nos jovens, nos velhos. Uma dor que cheira de longe o ácido perfume do abandono. O abandono em casa, o abandono das 

ruas, o abandono do Estado.

 

Sei, eu sei, há também risos e alegrias, muitas delas pequenas e preciosas que já me esqueci de sentir. Mas são parcas, esparsas. E Caetano, o 

jovem e sábio, ao invés do velho e arrogante, me vem à cabeça...

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 10:34

17
Out 11

 

 

publicado por Adelina Braglia às 01:37

16
Out 11

Duda Mendonça, hoje proprietário de duas fazendas compradas de porteira fechada no mjunicípio de àgua Azul, sudeste do Pará, é o emocionado criador do clip de Maria Bethânia, contra a divisão do estado da Bahia.

 

O mesmo genio da raça é o entusiasmado defensor da divisão do Pará, especialmente da criação do estado de Carajás, que congregaria as regiões sul e sudeste do estado.

 

Primeiro, conheçam Duda, o Cara! 

 

 

 

 

Emocionem-se com o clip contra a divisão da Bahia.

 

 

 

 

 

 

Ouçam os "argumentos" a favor da divisão do Pará.

 

 

 

 

 

 

Eu? Eu fico com esse aí:

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 08:40

08
Out 11

 

 
"Paraense, ateu. Filosoficamente, materialista. Devoto de Nossa Senhora de Nazaré. Este último atributo, no mês de outubro, transcende os demais. É inerente ao ser paraense.

Durante algum tempo, no auge do obscurantismo ideológico da juventude, ainda tentei renegar, mas romântico inveterado, há muito deixei de remar contra a maré. Mergulhei de cabeça no paraensismo, o que não existe sem açaí, tacacá, Ver-o-Peso, marés, rios e ilhas. Canoas e torso nu. Sem camisa. Sem a devoção à Virgem de Nazaré.

E isso tudo, à imagem do próprio Rio Amazonas, como em um caudal, deságua em Belém, no segundo domingo de outubro. A colossal procissão do Círio, com milhares, fala-se até em milhões de romeiros, diz-que, começa na catedral da Sé e termina cinco ou seis quilômetros depois na Basílica de Nazaré, mas um olhar atento vai além.

Vê que a romaria começa em cada furo, rio, igarapé, ilha ou beiradão.

Canoas, ubás, caxiris, barcos, a motor, vela ou remo. Começa nas palafitas e barrancos. Nos quintais das cidades, no porco cevado, no patarrão, no ralar da mandioca, no tipiti, e no moer da folha de maniva. Matéria prima para o almoço do Círio. Maniçoba e pato no tucupi. Farto e generoso. Para a família, para os amigos, e quem mais chegar.

Começa no vestido de chita com babados, decote comportado e comprimento a baixo dos joelhos. Calça e camisa de manga comprida, novas, as únicas mudas de roupa compradas no ano, mas estreadas no Dia da Festa. Sapatos, sandálias, baixas ou de salto, tênis? Nenhum. Acompanhar o Círio de Nazaré se vai descalço. Naturalmente.

Começa com banho-de-cheiro. Vinde-cá, priprioca, patichouli, orisa, pau-cheiroso, chama, pau-rosa, catinga-de-mulata. E se vem de todos os cantos do Estado Pará que em outubro se transmuda para além das fronteiras geopolíticas. Invade o Maranhão, o Amazonas, o Amapá. É como se fosse o Estado de Nossa Senhora de Nazaré. Esse é o núcleo central tangido pelas águas, senhora de todos os destinos.

Essa é a procissão cabana de antes da estrada, do asfalto, do ônibus, do avião, do arranha-céu, do apartamento, do estacionamento proibido.

Essa nova tribo do fast food também é bem-vinda. Por adesão, é claro, afinal, no manto da Virgem e no coração cabano há sempre espaço de sobra. Apenas há que aderir ao espírito secular do Círio. Ficar mundiado pelo bom e pelo bem. Sentir-se igual. Caminhar descalço.

É por tudo isso, pelo peso dessa enorme bagagem da cultura paraense, que, todos os anos, quando passa a berlinda da santa, este velho comunista se emociona e chora."


(Texto de André Costa Nunes, roubado do Blog CJK, ali ao lado)
 
 
 

 
publicado por Adelina Braglia às 18:08

02
Out 11

 

Caramba! Sai dessa cadeira e volta pra casa!!!!

 

 

Atualizando: já voltou (05/10/2011)...rsrs...Ufa!!!!

 

publicado por Adelina Braglia às 08:59

 

Somos nós os civilizados?

 

 

 

 

Foto: Margareth Pinheiro Gondim.

publicado por Adelina Braglia às 08:26

publicado por Adelina Braglia às 07:28

Outubro 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
14
15

18
19
20
21
22

23
25
26
27
28
29

30


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO