Achei esse vídeo de Noel e grupo Tangará. “Vamos voltar pro norte”, é a canção.
Lembrei que para paulistas e cariocas, há trinta anos, quando se ultrapassava Queluz, tudo era Bahia e esse tudo, era o 'norte'. Pejorativamente, chamava-se todo migrante de nortista ou baiano, fosse ele de Pernambuco, Sergipe ou Rio Grande do Norte. O " nordestinos", como generalização, veio depois.
Hoje não é mais assim. Afinal, já dispomos de informações que permitem aos sulistas uma visão mais acurada sobre a divisão entre “norte” e “Amazônia”, essa híbrida e cobiçada floresta!
Um dos problemas, porém, é que sob a griffe Amazônia, tão festejada pelos brasileiros do centro-sul, estamos nós, afogados na névoa densa e verde. Diferenças sócio-econômicas-culturais como as que existem entre Acre e Amazonas, Amapá e Pará, são para eles irrelevantes. Afinal, ainda que a geografia seja muito favorecida pelo Google Earth, filosoficamente ainda depois de Queluz é Bahia e da Bahia pro lado, é mato.
Talvez por isto eu tenha uma irritação enorme quando se fala em Amazônia, reforçando a imagem pasteurizada de coisa homogênea. E por Ito também não tenho a menor simpatia ou comoção pela expressão “povos da floresta”. Povos da floresta, para mim, são os sacis, os matinta-perêras.
Nós, os que vivem na Amazônia, somos castanheiros, seringueiros, cientistas, lavradores, engenheiros, pescadores, médicos, artistas, filósofos, garçons e todos esses bichos que também vivem por lá, onde insistem em defender-nos de nós mesmos. Assim como lá também estão os caiçaras - nossos ribeirinhos - povos indígenas e comunidades quilombolas. Que, como aqui, não se diferenciam pela geografia. Nos diferenciamos por outros motivos, que a densa e verde névoa não poderá jamais disfarçar. Ou esconder.
Quem sabe essa não é uma intrigante história da carochinha da tragédia nacional.
Fui.