" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

27
Jun 09

 

O último show que assisti em São Paulo, final de 1976, antes de vir para o Pará, era com João Nogueira e Nelson Cavaquinho.

 

A embriaguês dos dois era tão grande que não permitia ao João acertar o lugar do banquinho para o velho Nélson e a este achar o lugar do microfone. Quando conseguiram entender-se - eles, os dois bancos, os microfones e o violão - assisti à mais deliciosa demonstração de talento e paixão.

 

Tá certo que o filho do João - Diogo Nogueir - traz impresso o DNA do pai e é um simpaticíssimo sambista. Mas eu tenho mesmo é saudades do João.

 

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 10:13

 

 

 

Abro o e-mail e vejo o boletim Carta Maior, onde desponta um artigo do professor da UFRJ, Fernando Cardim, analisando a opção do Brasil pelo engajamento no G20. Segundo ele foi um erro e afirma:
 
 
“... Ao escolher esse caminho, o Brasil e seus semelhantes, por exemplo, optou por “reconhecer que os mercados financeiros permanecerão globais e interconectados, enquanto a inovação financeira continuará a jogar um papel importante para impulsionar a eficiência econômica.” (G 20 Working Group 1, Final Report, 25/03/2009, p. v). Em uma sentença, toda a discussão de controles de capitais, a imposição de barreiras à integração financeira e até mesmo a cautela com relação a “inovações” financeiras, dentre as quais boa parte destinou-se simplesmente a explorar brechas nos sistemas de regulação financeira, sem dar qualquer contribuição à eficiência econômica e expondo a economia a riscos cuja dimensão só se descobriu depois da crise, foi lançada ao espaço. Países respeitáveis não impõem barreiras e os emergentes foram promovidos a respeitáveis...”
 
E aí, “fiat lux”: faz todo sentido Nosso Guia ter sido inflado pelos elogios de Obama e nós, tupiniquins, usarmos isso como fortalecimento ainda maior da imagem interna do Guia. E lermos, ao mesmo tempo, dos que consideram que crítica é insurreição, que relativizar isso é puro preconceito.
 
Com isso, vou fazer meu café com uma baita inveja da Bolívia que em dezembro do ano passado tornou-se o terceiro  país latino-americano, depois de Cuba (1961) e Venezuela (2005, não, não foi o Hugo Chavez) a zerar o analfabetismo. Em quarto, correndo para o pódio, está a Nicarágua. Nós? Não dá pra saber agora, pois os aplausos para Lula pelos elogios de Obama me impedem de ouvir meus pensamentos.
 
publicado por Adelina Braglia às 07:52

23
Jun 09

 

“... as coisas não podem ser de outro modo: pois, como tudo foi criado para uma finalidade, tudo está necessariamente destinado à melhor finalidade.”

Voltaire
 
 
A aprovação da MP-458, legaliza a grilagem, anistia o crime e institucionaliza a desordem fundiária na Amazônia, permitindo que grileiros que ocupam ilegalmente terras públicas destinadas à Reforma Agrária recebam impunemente títulos de "propriedade" para áreas de até 1.500 hectares.
 
A MP mistura posseiros e grileiros num mesmo saco e é alvo de manifestações de várias instituições, desde as associações de servidores do INCRA até o Ministério Público Federal, através de uma Carta Aberta dirigida ao Presidente Lula, o otimista, assinada pelos 37 Procuradores Federais da Amazônia, condenando a Medida e pedindo que nosso Pangloss a vete na íntegra pois seus vícios são insanáveis.
 
Cândido e otimista, o Presidente “inclui" o Ministério Público Federal entre as  “ONGs” e diz que a MP não vai estimular a grilagem na Amazônia.
 
 
Seus argumentos:

 
“Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (19) que as organizações não governamentais (ONGs) “não estão dizendo a verdade”, quando afirmam que a Medida Provisória 458 estimula a grilagem de terras.

A MP trata da regularização de terras da União ocupadas na Amazônia. Permite, por exemplo, à União transferir, sem licitação, terrenos de até 1,5 mil hectares aos ocupantes que estão nas áreas antes de dezembro de 2004. As pequenas propriedades, de até 100 hectares, poderão ser doadas e as médias, com até 400 hectares, serão vendidas por preço simbólico.

“Posso dizer que as ONGs não estão dizendo a verdade quando dizem que a medida provisória incentiva a grilagem de terras no Brasil. O que nós queremos fazer é exatamente garantir que as pessoas tenham o título da terra, para ver se a gente acaba com a violência neste país. É isso que nós queremos fazer, e vamos fazer”, disse Lula, em entrevista em Alta Floresta (MT), onde lançou a Operação Arco Verde Terra Legal.”
 
 
 
Destaque-se que a Operação Terra Legal é baseada na MP 458, o que demonstra o apreço do Dr. Pangloss à manifestação de muitos.
 
 
 
publicado por Adelina Braglia às 08:12

21
Jun 09

 

Ando muito escondida, tentando não tropeçar todos os dias na miséria e na sina dos que têm como futuro a repetição do passado de pais e avós.
 
Não. Não me refiro à perpetuação de valores morais e éticos. Refiro-me à falta de oportunidades, à vida chinfrim restrita ao beco da mesma rua, à música estrondando nos ouvidos, à cachaça amarga, único lazer do domingo.
 
Seremos sempre uma nação capaz apenas de destinar aos jovens que as crianças sejam primeiro meninas sem rumo e depois mulheres maltratadas pelo trabalho árduo, seja ele em casa, na barraca da feira ou na roça? Ou homens disponíveis para as quadrilhas dos traficantes do bairro ou para a gang da esquina, para que se diferenciem do entorno, da mesmice da pobreza e da exclusão de todo e qualquer direito?
 
Faço este mês sessenta anos. Não me arrependo de nada. Parodio Aldir Blanc...” ... perdôo a todos, não peço desculpas, foi isso que eu quis viver...” mas trago na boca um travo amargo de fracasso, quae típico da minha geração, ainda que enxergue com clareza o que avançamos em cinco décadas. Mas, não foi suficiente. O Brasil patrimonialista, patriarcal, machista, colonizado, sobrevive com força em todas as ruas da minha cidade.
 
Escondo-me sim. Saio cada vez menos de casa. Ainda que no ônibus para o trabalho, tropece em todos esses personagens da farsa chamada Brasil. E, mesmo quando olho pela janela para tentar ignora-los, sinto seus olhos, sinto seu cheiro, sua presença. Como a cobrar meus privilégios.

Alguns chamariam isso de culpa. Não, não as tenho. Minha juventude e minha idade madura foram dedicadas a abrir outras trilhas que lhes permitisse escapar da sina. Não consegui. Agora, quero minha velhice. Sem eles. Sem seus olhos baços, sem seu  suor cansado do trabalho que não dignifica, nem estimula.
Do meu jeito, cansei.
 
 
 
 
publicado por Adelina Braglia às 12:16

18
Jun 09

 

 

publicado por Adelina Braglia às 06:37

05
Jun 09


O SENADOR. JOSÉ NERY (PSOL – PA). Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) –

 

Sr. Presidente, Senador Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, neste Dia Mundial do Meio Ambiente, quero me reportar a fatos concretos que envolvem a grande e poderosa empresa brasileira Vale do Rio Doce e a sua atuação no Estado do Pará, especialmente nas regiões sul e sudeste, onde estão os seus grandes projetos de mineração.


Recebi denúncia subscrita por três advogados trabalhistas de Parauapebas – Carlos Viana Braga, Geraldo Pedro de Oliveira Neto e Rubens Motta de Azevedo Moraes Júnior –, dando conta de posturas autoritárias da Companhia Vale no trato com a população pobre da região. E mais: tal postura tem contado com a subserviência da Prefeitura de Parauapebas e do Judiciário local, demonstrando a grande influência política que essa empresa possui no Pará, provocando total dependência dos Poderes Públicos, quando são feitos pleitos que causarão prejuízo ao poderoso grupo privado.


O caso envolve ameaças aos moradores atingidos pela construção de rodovia vicinal, que viabilizará o escoamento de minério do Projeto Salobo, localizado na fronteira do Município de Parauapebas e de Marabá.


Segundo os advogados, o aludido Projeto, dentro das suas infraestruturas básicas, ampliará e pavimentará uma vicinal já existente para escoamento do minério extraído até a base da linha de ferro, na área do Assentamento Palmares I, para posterior prosseguimento ao porto de São Luís.


Denunciam os advogados, em primeiro lugar, que a Prefeitura de Parauapebas, por meio do Convênio nº 009/2007, firmado com a Companhia Vale do Rio Doce, assumiu que todas
as faixas de terras atingidas seriam doadas, ou seja, doou, através de uma convênio, faixa de terra que não lhe pertencia. Denunciam que ao serem constituídos advogados dos moradores atingidos, esses começaram a sofrer ameaças da Vale, as quais podemos resumir da seguinte forma:


1ª ameaça – que a presença dos advogados somente atrapalharia as negociações, e que ninguém trataria nenhum assunto com advogado, e se os colonos persistissem não haveria pagamento algum;


2ª ameaça – que aqueles que permanecessem com advogados seriam excluídos dos projetos sociais da Vale na região, principalmente do Projeto da Escola Agrícola, que está sendo realizado na APA – Área de Proteção Ambiental;


3ª ameaça – que a estrada passaria de qualquer forma, e caso não aceitassem corriam o risco de nada receber, ou de ocorrer que o dinheiro da indenização fosse revestido à instituição de caridade;


4ª ameaça – a Vale investiga a vida da pessoa afetada, e se algum familiar seu trabalhasse na empresa, coagia o familiar e o atingido, com insinuações de dispensa ou perseguição, fato comprovado pelo depoimento gravado e pela renúncia de poderes de uma cliente, que segue anexo;


5ª ameaça – que não adiantava persistir em não negociar, pois se os colonos têm três advogados, a Vale tem centenas, e que mais cedo ou mais tarde poderia vir até a polícia para obrigar a passagem da estrada, sendo certo que caso isso ocorresse nada mais receberiam.


Os advogados se queixam que a prefeitura tem se negado a fornecer documentos processuais, de que o próprio advogado da Vale é quem transportou mandado de segurança impetrado pelos referidos advogados até o juiz da comarca, dentre outras irregularidades.


Esse fato deixa claro que existe uma distância considerável entre a cara e bonita propaganda desta empresa, onde todos os brasileiros são induzidos a concebê-la como modelo de desenvolvimento sustentável e apoio a projetos sociais, e a verdadeira face conhecida pelo povo pobre do Estado do Pará: autoritarismo, danos ambientais ingerência política e controle econômico de estruturas que deveriam estar apoiando seus eleitores e não seus financiadores.


Portanto, diante dessa denúncia, quero chamar a atenção da Justiça do Pará; com a palavra a Prefeitura de Parauapebas e a própria Companhia Vale do Rio Doce.
Muito obrigado.

 

(comentário roubado do Blog Quinta Emenda, aí ao lado)

publicado por Adelina Braglia às 19:30

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