" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

24
Mai 07

 

Não me venham com tratados de bem viver,
nem com as otimistas possibilidades de ser feliz.
Sou de um tempo em que felicidade era fruto da esperança coletiva
e o bem estar individual não se sobrepunha à tarefa.
Tarefa tal qual a descreve Geir Campos:
 
Morder o fruto amargo e não cuspir
mas avisar aos outros quanto é amargo,
cumprir o trato injusto e não falhar
mas avisar aos outros quanto é injusto,
sofrer o esquema falso e não ceder
mas avisar aos outros quanto é falso;
dizer também que são coisas mutáveis...
E quando em muitos a noção pulsar
— do amargo e injusto e falso por mudar —
então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano.
 
 
Cansei de disfarçar como se fosse minha a culpa de não ser feliz onde a tristeza, o tédio, e a angústia e a raiva disseminada nos olhares e nos crimes insanos cometidos todos os dias nas ruas, grassam como ervas daninhas.
Não há Pondera que dê conta.
Ainda gosto de música - que quase não ouço -
e de amigos e sorvetes.
Mas estou cansada de ser cordial com este tempo de devastação. E começo a descrer do “ mundo novo e muito mais humano”.
 
E me exasperam os que fazem de conta que estamos todos bem.
 
 
 
 
publicado por Adelina Braglia às 07:55

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