Eu gosto de doce de abóbora com coco e de arroz doce com muita canela.
Gosto de água quente para tomar banho, independente da temperatura ambiente.
Gosto de massas. Todas. E de molho de tomates, no máximo com manjericão.
Gosto de vinho, mas já gostei muito de vodka.
Não gosto da minha vida como está. Não gosto do tempo em que vivo, muito aquém do que sonhei que iria construir.
Ainda gosto da Bethânia, mas Gal já não me emociona.
Caetano faz muito tempo que desgosto, desde Circuladô de Fulô, seu último disco que me deu prazer ouvir.
Mas, ainda amo Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro. E Aldir Blanc.
E a voz da Nana sempre me dá prazer.
Mas gosto dos mais jovens: Zeca Baleiro, Adriana Calcanhoto, Ceumar. E Renato Braz. Grande garoto.
Sinto, às vezes, uma secura no coração.
Toda vez que sinto isso lembro de Adélia Prado,
e não sei explicar porque, já que ela é a poeta do coração molhado de amor por tudo.
Mas, o poema que vem à cabeça é de Eugénio de Andrade:
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Gosto tanto de caqui, fruta macia, e os compro em cada esquina onde os encontro!
Gosto de polenta com carne moída, salada de rúcula, alface e tomate.
Com muito azeite, limão, alho e sal.
E ultimamente, tenho gostado muito de ficar sozinha.
Redescobrindo que, na verdade, não sou muito de companhia.