" Se a esperança se apaga e a Babel começa, que tocha iluminará os caminhos na Terra?" (Garcia Lorca)

06
Nov 19

As manifestações no Chile comovem as pedras dos rios.  “O povo unido jamais será vencido”, canta o Quillapayún, toca a orquestra, canta o povo unido. Disposto a não ser derrotado. Unido sob a insígnia da defesa da vida com dignidade.

Sob qual insígnia nos uniríamos?

Vamos listar as recentes nacionais que não deram certo: Democracia já! Lula livre! #Elenão!

 

Sob quais insígnias já nos unimos? Abaixo a ditadura! Diretas já!

Tirando o “Lula livre”, as outras são primas irmãs e embalaram momentos de unidade e hoje de total dispersão.  Perdemos  nós o sentimento do povo?  Não há insígnia nacional que sejamos capazes de unificar – a reforma da previdência, a desarticulação dos conselhos populares de políticas sociais, a anunciada ameaça de “ou empregos ou direitos”, são atos que atingem todos os brasileiros, ainda que não saibam.

Aqui a chave: o que sabemos? O que fomos capazes de defender e fortalecer no sentimento popular? Ou, nos últimos anos apenas achamos que interpretávamos o desejo popular? Hãã? Chocado?

Tá. Uso a palavra “sentimento”, porque é nela que eu quero me fixar, já que em ação política parece  que nos perdemos. E, aliás, se faz política sem sentimentos? Não deveríamos.  Ou  se a fizéssemos, nos mobilizaria  a fome, a doença, a má educação pública, o salário infame, a falta de moradia, o transporte público de péssima qualidade, a destruição do que se conseguiu avançar na propagação da agricultura sem agrotóxicos, a destruição da floresta nativa, a poluição de rios e do mar, a morte criminosa de pessoas sob barragens, o racismo, a homofobia. Nada disso foi capaz de nos unir.

Mas, voltando ao choque....rsss. É curioso que foi necessária a recente divulgação de uma crítica serena de Pepe Mujica sobre o grave erros de termos  favorecido o consumo em detrimento da cidadania. Eu, que não sou Mujica e nem que vivesse dez vidas chegaria à sua sabedoria, cansei a boca e os dedos ao dizer isso nos últimos  12 anos. É, a partir de 2007. E, cada vez que dizia ou escrevia isso era acusada de ser contra o programa Bolsa Famíliz. Não me lembro de ter me defendido em relação a isso porque é tão insana a acusação que não devo ter perdido tempo com ela.

E esse exemplo serve para retomar o que quero destacar: não há unidade nacional capaz de gerar luta alguma, haja vista que a cidadania afogou-se na  possibilidade de consumir. As velhas bandeiras – democracia, solidariedade, não foram alimentadas, nem fortalecidas e hoje jazem esfarrapadas no escaninho da memória dos mais velhos.

 Perdemos o bonde das insígnias comoventes. Agora é administrar derrotas e construir vitórias num país onde a luta dos marisqueiros  e pescadores atolados no petróleo sequer se une à do turismo local em pânico! Onde a quebra da política habitacional “celebrada” essa semana pela Caixa Econômica, não atinge com a mesma força a área urbana da cidade de São Paulo – sem possibilidades de ocupações de espaços públicos, já totalmente tomados pelo poder privado -  e a cidade de Belém, onde áreas públicas ou griladas são visíveis.

Não há diálogos serenos ou provocativos entre a  luta pela universidade livre  e o obscurantismo do analfabetismo.  O acesso à tecnologia da informação não se coaduna na prática egocêntrica com a massiva alfabetização das nossas crianças e jovens.

Paro por aqui.  Minha saúde não anda das melhores. Contaminada que anda pelo desalento de saber que a tarefa é grande demais para bem poucos dispostos e não querer ofuscar a luz do sol.
Abração.

 

Eu lembro-me ainda dos tempos antigos, 

Dos tempos sem nome, só teus e só teus …

Em que eras um homem de poucos amigos,

Metido contigo, contigo e com Deus …

 

Outro homem és hoje – e outro serás,

Bem forte na luta, em prol dos Humanos.

Na luta da vida – eu sei – vencerás,

Num Mundo de todos, sem Mal e sem danos.

(Poemas da juventude – Amilcar Cabral)

 

publicado por Adelina Braglia às 12:36

22
Out 19

Para quem é escritor, poeta, os tempos obscuros talvez inspirem a escrita cotidianamente. É sua maneira de guerrear.

 

Para quem foi  ativista de si mesmo, buscando agora apenas sobreviver a si mesmo como um fósforo frio (grata, Mestre Pessoa), escrever é inerente a instantes de euforia ou de depressão profunda.

 

Estamos hoje no segundo caso. Não, não falo da depressão medicamentosa, a que tenho e cuido razoavelmente. Falo de algo mais grave, também causa da depressão médica, que é o mal estar no mundo.

 

Brasil, Chile, Equador, Argentina. A Sud America está arrebentada pelo Trumpismo. Não, não é teoria da conspiração anti-yankee, please!  É  a terrível constatação de que a geopolítica é muito mais avançada do que a geografia dos meus tempos de colégio, onde os mapas pareciam dizer que cada fronteira era, além de fisicamente delineada,  também denotava um limite de respeito. Talvez por essa crença eu tenha demorado tanto a acordar.

 

Quando acordei, foi na margem do rio Tocantins, vivendo pela primeira vez a geopolítica “doméstica”. Daí para a frente foi um aprendizado rápido. Doloroso, mas ágil.

 

Temo pelo  Brasil. Temo pela América Latina.

 

 

publicado por Adelina Braglia às 15:23

13
Jul 19

O período 2001/2018 não chegou a ser tóxico. Mas, foi a consagração do “vamos deixar rolar” ou “não to nem aí”.  Agravamos, na visa e na música,  o nosso distanciamento do coletivo. O individualismo, entre as idiotices sertanejas, as pop musics e a invasão do gospel tomaram conta do cenário.

 

 Fomos salvos pelo  rock nacional  e, sempre, pelo Chico, pelo Milton e pelo Edú. Amém!

 

Merece destaque a brecha que as meninas feministas abriram no machismo sertanejo.  Marília Mendonça à frente.  E numa década onde as mulheres mostraram sua cara, encerrar com Elza Soares é uma questão de orgulho e mérito.

 

 

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 22:48

12
Jul 19

A década de 1990 foi a dos sertanejos. Eu, particularmente, considero  essa , uma década tóxica. 

Contrapostos aos sertanejos, pouca coisa. Mas, “pouca” com a qualidade dos mais jovens, que furavam o bloqueio dessa enxurrada de mediocridade. Cássia Eller simboliza a década. Atrás dela, vem Adriana Calcanhoto. E Chico, com o seu "Levantados do chão". Mas, se você prestar atenção, já parecíamos entorpecer como  país, depois de três décadas de ditadura.

Vamos daqui (1991) até o início dos anos 2000.

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 23:37

Sempre quis escrever a história recente do Brasil, através da música popular.

Fiz agora um breve esboço, que vou, magnanimamente, dividir com você. Mas, falta muito. A memória de quem já chegou aos 70 anos é larga e a música popular brasileira, mais ainda.

Começamos em Getúlio Vargas, o "pai dos pobres", passamos por Juscelino, o pai da classe média feliz, que podia curtir sem traumas a bossa nova, num país que prometia o futuro rico e pujante. 

Nos aproximamos dos anos de chumbo, de aço e  sangue. Passamos por um período de reações onde, sem dúvida, Chico Buarque faz a memória completa, com coadjuvantes.

E, chegamos até 1990. Vivos, o que já é lucro. A segunda fase virá em breve...rssss.

Divirta-se.

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 13:54

09
Jul 19

Amores não são moedas. Não é  "cara ou coroa", acopladas num  círculo. Se for para materializar o amor sob alguma forma geométrica, escolho o cilindro. 

 

Torpor e desamor, nessa exata sequência, são mais do que rimas. São o indicativo do fim. Para sobreviver, depois do fim melancólico, há que ter corpo fechado, mente aberta e coração tranquilo. As sequelas do desamor - de des-amar, deixar de amar - machucam quem adoeceu e quem sobreviveu. As causas do des-amar são múltiplas, mas o descuido - des-cuidar - é o principal.

 

É claro que não falo das relações onde  falta o pão. Nessas, como no ditado, quando dois brigam provavelmente ninguém tem razão. A razão está  na dureza da vida, a brutalidade do cotidiano que não permite sutilezas.

 

Ah! Os  instantâneos do amor enquanto dura, são importantes. Sorrisos, tensões, gargalhadas, paixão, choro escondido, lugares, músicas, ternura, raiva, solidariedade. Por isso gosto da forma do cilindro: ali parecem caber os instantâneos, sem ficarem amarrotados. O cilindro dá a sensação de ser um escaninho bem largo na memória. Porque esses instantâneos a gente gosta de guardar, mesmo quando o amor acaba.

 

Não, não sou especialista em relações amorosas. Meu currículo é enxutíssimo. Nunca fui de muitos amores. Fui de poucos. Pouquíssimos, na verdade. Amores mesmo, aos quais se dá esse nome,  só quatro. Dois acabaram graças à minha grande parcela de descuido. Os outros dois a morte me tomou.

 

Agora, ainda que eu queira ser sutil, gentil, quando o amor acaba há estragos. Você envelhece a alma com muita rapidez. Mais do que os estragos que o tempo faz no corpo. E nem deseja mais verdades chinesas. 

 

Esse é para os amores perdidos.

Esse para os amores que me foram tomados.

 

 

 

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 14:53

08
Jul 19

 

Os melancólicos  “cultivam” , além da tristeza profunda, um imensurável sentimento de culpa, que eu sempre identifiquei como arrogância no avesso do espelho da modéstia...rssss. E, embora sejam um poço dessa permanente tristeza, têm muitas crises de tristeza maior. Sim, é possível. Melancólicos são criativos. E não são identicos aos depressivos. Há sutis diferenças.

 

“O diretor de cinema dinamarquês, Lars Von Trier (6), no seu filme “Melancholia”, vê o melancólico como um sujeito em desacordo com as determinações da sociedade, e a melancolia como uma expressão da perda do sentido de vida, concluindo que a melancolia é um indicador de sintoma social. Maria Rita Khel (7) no artigo “Flânerie Bipolar” denomina “Planeta Melancholia” a uma “lua incansável cuja órbita desgovernada está a aproximá-la cada vez mais da terra indefesa até provocar uma colisão devastadora.” Sosseguem, porém, pois sei que a minha “colisão devastadora” não se dará nessa vida. Já chegada nos 70 anos, poderei me abster dela até a colisão definitiva. Mas, há algumas que dóem demais.

 

As crises não são repentinas. Elas avisam a sua chegada. A motivação pode ser variada, desde esquecer de tomar a medicação por alguns dias até o sentimento – sempre ele – de culpa, porque tio Cabral resolveu descobrir o Brasil. Ou  o agravamento do sentimento do mundo, como um retrato na parede, que dói. Ou por tomar consciência de que o país onde você vive  retrocedeu tanto  que você não mais consegue se reconhecer nele. Essa tem sido a principal causa das minhas recentes crises. Ou a inevitável aproximação de mais uma perda.

 

As vantagens competitivas dos melancólicos é que no geral eles não são prejudiciais ao coletivo: trocando em miúdos, usam seu chicotinho contra a própria alma, mas não contra a alma alheia. São inteligentes. E perspicazes.

 

A maior impossibilidade do melancólico é viver o luto. Suas perdas não são superáveis. Seguem-no pela vida, como fossem a segunda, a terceira, a quarta, a quinta pele. Nesse sentido, eu as tenho – como todo mundo, mas o melancólico é doentinho, não se esqueçam disso – como um enorme sobrepeso ao meu peso real, que já é considerável.

 

A primeira e a mais terrível foi a perda do pai. Na sequência, a mãe, a avó. Depois o padrinho querido, o avô, a madrinha amada. Além de muito amados, estes foram esteio do que sou e  da tarefa de ser gente. E os primeiros, os perdi antes dos 22 anos. Daí pra frente, foi porrada...rssss.

 

Com o tempo passando, vieram as perdas de amigos e de amores. Perda física. Morte. Sem metáfora. Caramba! Cada partida arranca um pedaço e você parece uma peneira de dores, que depois passam a ser hematomas, cuja rouxidão não desaparece jamais.

 

Essa nossa conversa hoje me serve de alívio. Porque me preparo para enfrentar mais uma perda. Que não quero, óbvio. Que  só me obrigo agora a lidar com ela, porque não tenho mais certeza de que meu desejo de que a vida seja mantida é justo para com quem quero tanto bem.

 

 

publicado por Adelina Braglia às 13:58

07
Jul 19

Se eu acordasse no Brasil de 2019, após 10 anos de hibernação, pediria "Lona"! Ou, voltar a dormir. Como compreender, no susto, que apesar de Sarney ser Presidente do Senado quando eu dormi, toda a ebulição democrática dos anos que antecederam aquele momento iria para o ralo?

 

A esperança de vida ao nascer não diferia muito da de hoje, mas havia esperança. Ah, como havia. Na música não me lembro de grandes feitos, mas Jason Mraz cantava “I’m yours” e era uma delícia. Chico Buarque dera uma pausa para o Chico escritor e não apresentou nenhuma canção nova nesse ano. Milton Nascimento lançou um remaque maravilhoso, com “Travessia”, “Ponta de Areia” e outras jóias.

 

Guido Mantega mentia para nós: “ Foi a maior crise do capitalismo dos últimos 80 anos. Isso mostra que passamos bem pela crise. Podemos dizer que a economia já deixou a crise para trás", dizendo que, com o crescimento registrado no fim do ano (?), o Brasil fechava 2009 com "chave de ouro". Mas, convenhamos, Mantega era um mentiroso afável. Comparar  Mantega e  Paulo Guedes é de uma inominável crueldade. Guedes é a escória do capitalismo bruto, da subordinação estúpida ao financismo mais truculento. Mantega era apenas mentiroso.

 

 Convenhamos que algumas sementes do mal já estavam plantadas: o Estado que só penaliza crescia e  a precarização do trabalho – desde o famigerado governo Collor – fincava raízes fortes. Mas, tínhamos esperanças. Tínhamos, sim.

 

Em 2009, éramos flagelados aqui no Pará pelo governo Ana Julia, uma medíocre conjunção de incompetência, arrogância e inépcia petista, jamais vista no Brasil. Fomos campeões! A prova visível disso é que duas décadas se passaram e  Ana Júlia jamais se elegeu para absolutamente nenhum cargo ao qual se candidatou. Mas, apesar disso, tínhamos esperanças. Tínhamos, sim.

 

Luiz Inácio governava o Brasil, dessa vez sem o meu voto. Encerrei minha longa carreira votando nele em 2002. Em 2006 eu já sabia que o “operário” chegara ao poder, mas a classe operária estava bem depois da manutenção dos fortes interesses do sistema financeiro e das políticas econômicas neoliberais mantidas e aprimoradas, apesar do discurso “revolucionário”.  Ah, houve avanços do ponto de vista do consumo. Mas, conservávamos a esperança. Ainda tínhamos, sim.

 

A única tragédia de 2009, foi perdermos o Juca. Saravá, Juvêncio Arruda!

 

Acordar num Brasil governado por filhos da sífilis – outra hora explico a gravidade disso, desde as sequelas da doença real, entre homens que não respeitam as mulheres, até o que de simbólico quero dizer com isso – quadrilhas de milicianos, bancadas de deputados vinculados a crimes de toda ordem. Crimes mortais contra pessoas, crimes contra direitos individuais duramente conquistados antes e depois de eu hibernar, crimes contra o meio ambiente, crimes contra a infância, a adolescência e a velhice.

 

Escolhi 2009, ao acaso, só para arredondar 10 anos. 

 

publicado por Adelina Braglia às 09:40

26
Jun 19

Alguns anos de interrupção, umas brechas aqui e acolá, e chegamos a um Brasil inimaginável, governado por um grupo de milicianos, composto por militares sem compromisso algum com a "patria", por ministros que não têm respaldo interno ou externo, chucros e bandidos que são. Somos governados por um louco com convicções racistas, homofóbicas, misóginas, xenófobas. Se tivessemos planejado, não teríamos tido tanto exito.

Mas, de certa forma, planejamos. Planejamos ao acreditar que a chegada do operário ao governo era a  vitória da classe operária e fizemos vistas grossas à manutenção dos privilégios dos rentistas, da supremacia do sistema financeiro e esquecemos que distribuição de renda nem é muito difícil, desde que não mse mexa nos privilégios da riqueza.

Aceitamos que a cooptação do movimento sindical e do movimento social era "justificável" e as organizações trabalhistas  estudantis  que antes eram parãmetro de luta, se acachapassem à verdade absoluta do governo "dos trabalhadores".

Se antes o "neoliberalismo" de FHC podia ser atacado frontalmente, o "pósliberalismo" petista foi  perdoado, graças à atenção aos desvalidos. Ignoramos porém a armadilha da substituição da luta por direitos e cidadania, em troca da possibilidade de sermos  - ó glória! - "consumidores". E, durante anos, nos bastamos nisso.

Quando o pano caiu - bem sujinho, pois se a corrupção não foi inventada pelos lulistas, foi por eles apropriada e "democratizada" entre os seus -  estávamos zonzos: arrogantes, achamos que a democracia era imbatível. Soberbos, imaginamos que as "forças populares e democráticas" barrariam o fascismo chinfrim que se anunciou da maneira mais infame e que foi vitorioso.

Agora? Continuamos amortecidos pela derrota anunciada mas, "inesperada". Ainda buscamos, como pequenos burgueses que somos, o ídolo, o "papi noel", e, enquanto isso, nos engalfinhamos em mesquinharias por protagonismos de uma luta que dificilmente vamos unificar, posto que somos mesquinhos e que a generosidade política não é mais nossa vocação.

Agora? Música, Maestro, porque pelo menos é preciso cantar:

 

 

 

publicado por Adelina Braglia às 15:42

22
Jun 19

De volta ao começo, embora Travessia já não seja mais uma criança.

Carrega consigo alguns anos de impressões, amarguras, risos, avaliações ingênuas ou ácidas. Serve  a mim, mais do que a qualquer um. E, por isso quero tê-lo de volta.

E aqui estamos, o Blog e eu. 

E sempre a música. Sempre. Sem ela, não respiro.

 

 

publicado por Adelina Braglia às 23:34

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